Thanks, but no
2012 será o ano do não. A afirmação sugere uma negativa, mas vou tentar explicar essa minha seta e meta para o ano do fim do mundo.
Saber dizer a palavra com três letrinhas e seu sinal em forma de arabesco vai tirar certos pesos que não pretendo carregar, nem ao longo dos 365 dias, muito menos dos dias que seguirão até o agora virar nunca.
O aprendizado é tardio, reconheço. Devia ter usado a palavra quando a colega de classe me fez trocar o papel de carta mais bonito que eu tinha por um ordinário, com um rasgo na borda. O fato é que aquilo foi a tradução do que se repetiria em outras circunstâncias, envolvendo pessoas, sentimentos e coisas. Dizer sim para ser aceito, para ser querido. Dito o não, eu teria feito o que costumava fazer: usaria o papel de carta para escrever para minha avó Celinha.
Da colega eu sequer lembro o nome, no entanto se fiz alguma questão em lhe ceder algo que era precioso de minha coleção, é porque eu queria ser chamada por ela para brincar no recreio. Da minha avó, sinto saudade todo santo dia e queria ter derramado meu amor na vida dela em doses mais generosas (e a gente sempre quer fazer isso quando a morte nos tira, sobretudo sem avisar, pessoas como ela).
A situação seria diferente se eu tivesse dito não? Quem sabe.
Ouvi mais não do que sim em 2010-2011. Para mim, aliás, eles foram um ano só, um ciclo. E, para me consolar, meus amigos estimados disseram: o apartamento não saiu porque não tinha que ser seu, aquele sujeito que não te deu valor, não merece sua consideração, por aí vai. Até ontem eu achava que isso era unicamente para me acalmar meu coração.
Até que percebi.
O poder do não.
Ele te leva a batalhar pelo sim, mais do que meramente desejar ou achar que merece. E quando o sim vem, não há dúvida. Aquele lar pode estar pouco mais de 500km de distância deste provisório, por que não? Ele ainda faz parte do que se quer realizar. A possibilidade do amor só existe pela travessa da conquista. Mensagem sem resposta nunca acaba em mãos dadas no escurinho do cinema. Contrariando a matemática, certas ordens de fatores alteram os resultados.
2012 será o ano do não. E ele rima com auto-preservação. Dispensarei um punhado de convites quando sentir a velha suspeita de que estou entrando numa situação que não me fará bem: seja ouvir a ladainha de quem só saber falar mal até dos próprios amigos, seja a chance de rever quem sumiu sem deixar pistas (após prometer um céu de estrelas), seja por não se sentir mais à vontade com determinados grupos/ assuntos porque afinidades são mesmo varridas e temos que aceitar isso e ponto.
Vou preferir sempre ler um livro, ver um filme, ouvir música e até arrumar o meu guarda-roupa.
Será um exercício, como foram os (poucas) promessas que cumpri no ano 2010-2011. Será complicado, pois sei que sou do sim. E devo peneirá-lo, torná-lo puro e simples, pois me enganei e enganei meio mundo tratando-o como abertura. Verdadeiro, libertador e necessário: que venha o não e que ele contribua para que façam-se a luz e a fluidez.
Saber dizer a palavra com três letrinhas e seu sinal em forma de arabesco vai tirar certos pesos que não pretendo carregar, nem ao longo dos 365 dias, muito menos dos dias que seguirão até o agora virar nunca.
O aprendizado é tardio, reconheço. Devia ter usado a palavra quando a colega de classe me fez trocar o papel de carta mais bonito que eu tinha por um ordinário, com um rasgo na borda. O fato é que aquilo foi a tradução do que se repetiria em outras circunstâncias, envolvendo pessoas, sentimentos e coisas. Dizer sim para ser aceito, para ser querido. Dito o não, eu teria feito o que costumava fazer: usaria o papel de carta para escrever para minha avó Celinha.
Da colega eu sequer lembro o nome, no entanto se fiz alguma questão em lhe ceder algo que era precioso de minha coleção, é porque eu queria ser chamada por ela para brincar no recreio. Da minha avó, sinto saudade todo santo dia e queria ter derramado meu amor na vida dela em doses mais generosas (e a gente sempre quer fazer isso quando a morte nos tira, sobretudo sem avisar, pessoas como ela).
A situação seria diferente se eu tivesse dito não? Quem sabe.
Ouvi mais não do que sim em 2010-2011. Para mim, aliás, eles foram um ano só, um ciclo. E, para me consolar, meus amigos estimados disseram: o apartamento não saiu porque não tinha que ser seu, aquele sujeito que não te deu valor, não merece sua consideração, por aí vai. Até ontem eu achava que isso era unicamente para me acalmar meu coração.
Até que percebi.
O poder do não.
Ele te leva a batalhar pelo sim, mais do que meramente desejar ou achar que merece. E quando o sim vem, não há dúvida. Aquele lar pode estar pouco mais de 500km de distância deste provisório, por que não? Ele ainda faz parte do que se quer realizar. A possibilidade do amor só existe pela travessa da conquista. Mensagem sem resposta nunca acaba em mãos dadas no escurinho do cinema. Contrariando a matemática, certas ordens de fatores alteram os resultados.
2012 será o ano do não. E ele rima com auto-preservação. Dispensarei um punhado de convites quando sentir a velha suspeita de que estou entrando numa situação que não me fará bem: seja ouvir a ladainha de quem só saber falar mal até dos próprios amigos, seja a chance de rever quem sumiu sem deixar pistas (após prometer um céu de estrelas), seja por não se sentir mais à vontade com determinados grupos/ assuntos porque afinidades são mesmo varridas e temos que aceitar isso e ponto.
Vou preferir sempre ler um livro, ver um filme, ouvir música e até arrumar o meu guarda-roupa.
Será um exercício, como foram os (poucas) promessas que cumpri no ano 2010-2011. Será complicado, pois sei que sou do sim. E devo peneirá-lo, torná-lo puro e simples, pois me enganei e enganei meio mundo tratando-o como abertura. Verdadeiro, libertador e necessário: que venha o não e que ele contribua para que façam-se a luz e a fluidez.
Comentários
Postar um comentário