Das sensações de dezembro

Não sentiu a intermitente euforia dos sábados ao acordar. Continuaria na cama, se pudesse...Se não se forçasse. "Melancolia", pensou. E vem desde aquele estranho sangramento, aquilo que já devia ter resolvido. Mas teve medo, engavetou o exame, embora saiba de tudo o que não pode mais adiar.

Das desconfianças que se arrastavam, vieram respostas imediatas. Eram óbvias. Nem devia se importar, ainda que estranhamente tenha se forçado a isso, como se forçou a levantar mais cedo. Necessidade de olhar para trás e ver que, enfim, passou. Foi encerrada por ela, na presente data, a procura nos cinzas e flicts (a cor que não existe) de elos entre o azul e o amarelo. O próximo movimento seria de retomada pela conquista de seus mais caros projetos (os objetivos e, por que não, os mirabolantes).

De seus poucos encantamentos nesse período dividido em 12 fatias, escolheu o improvável: por querer extrair dele a surpresa, não a ilusão. Terminou por descobrir que o maior encantamento estava onde sempre esteve. Por mais que, eventualmente, se perdesse de si mesma, iria se forçar a levantar da cama, a se importar, a olhar para trás sem mágoas. Sabia, agora, que não era esforço, era força.

Todos os desejos traídos, todo afeto que jogaram fora, todo mal estar inexplicável, todo sangramento silencioso eram como a melacolia, que dali sairia. Paradoxalmente, na marra, para que na metade do dia prevalecesse o gosto de chocolate com amêndoas e a vida que segue.

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