Para encerrar o ano do fim do mundo

O dois mil  que bate à nossa porta será 13. No tarô é o jardineiro eliminando tudo que não serve para que o jardim floresça. Renascimento, renovação...tempo da borboleta sair do casulo e voar.

No horóscopo chinês é o ano da serpente. Bom para fazer outra festa no dia 10 de fevereiro quando acontece a virada.

Também comemoro quando o sol ingressa em áries e se inicia o ano de Buda (normalmente em abril).

Restinho de 2012 que serve para balanços. O ano do fim do mundo. E eu achei essa resposta  incrível de Proust para a pergunta: Que efeitos essa iminência do fim causaria? O que você faria?


“Acho que, de repente, a vida nos pareceria maravilhosa se estivéssemos ameaçados de morte como o senhor diz. Pense em quantos projetos, viagens, casos de amor e estudos a vida oculta de nós, tornando-os invisíveis por causa da nossa preguiça, que, certa de um futuro, adia-os incessantemente.
Mas, sob a ameaça da impossibilidade eterna, tudo isso voltaria a ser lindo! Ah! Se o cataclismo não acontecer desta vez, não deixemos de visitar as novas galerias do Louvre, de nos jogar aos pés da Srta. X, de fazer uma viagem à Índia.
O cataclismo não acontece e deixamos de fazer tudo isso porque voltamos ao âmago da nossa vida normal, no qual a negligência arrefece o desejo. Mas não deveríamos precisar do cataclismo para amar a vida hoje. Seria suficiente pensar que somos humanos e que a morte pode acontecer esta noite.”

Por esse ângulo, meu saldo é positivo. Não deixei de arriscar, de saber que minhas escolhas em busca do meu mais precioso objetivo me levariam a ele, de alguma maneira. Naquele Réveillon de 2011 usei uma calcinha branca e pedi paz. E para que ela invadisse o meu coração, como cantou o Gil, precisei até guerrear internamente. Consegui, enfim, minha casinha. Com meus discos na prateleira, meus móveis vintage e a sensação de aconchego. Lar é paz em estado puro. 

Acreditei mais em mim, nos outros e até aqueles que não mereceram o crédito ficaram em débito com eles mesmos...que sejam felizes e sigam bem longe de mim (porque, afinal, não tenho sangue de barata). Tive o privilégio de fortalecer algumas amizades e, ainda, de conhecer gente que quero para perto nos próximos dias, meses e anos. 

Aquele branco lá de dezembro passado segue ganhando novas formas. Agora é uma folha para anotar ideias, escrever cartas e deixar tomar conta da memória quando não se tem resposta para tudo. 

Eu aceito e agradeço o que 2012 me trouxe. Tudo de ruim e de bom. Nada disso me derrubou ou me envaideceu. Sigo querendo paz, batalhando por sua permanência. Mas nesta virada de segunda-feira, confesso, mudarei a cor da calcinha (único ritual que pratico porque não como 12 uvas, não pulo 12 ondas e nem nas 12 badaladas fico eufórica, pois estamos em horário de verão). 

Meu próximo desejo de ano novo vai gostar de andar de mãos dadas com a paz. Desconfio que sejam almas-gêmeas.






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