Feliz, feliz Natal. Merecemos. Por Caio Fernando Abreu
Amanhã à meia-noite volto a nascer. Você também. Que seja suave, perfumado nosso parto entre ervas na manjedoura. Que sejamos doces com nossa mãe Gaia, que anda morrendo de morte matada por nós. Façamos um brinde a todas as coisas que o Senhor pôs na terra para nosso deleite e terror. Brindemos à vida – talvez seja esse o nome daquele cara, e não o que você imaginou. Embora sejam iguais. Sinônimos, indissociáveis. Feliz, feliz Natal. Merecemos.
Páragrafo final de Mais Uma Carta Para Além dos Muros, publicada no Caderno 2 do Estado de S. Paulo na véspera do Natal de 1995, o último Natal de Caio Fernando Abreu por aqui. Está no livro Pequenas Epifanias.
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