Longe é o meu lugar

Porto Alegre, faltando um mês para o meu aniversário, tarde quente de 2012

Não tento fazer de outros lugares os meus. Adapto-me a raptos que faço de mim mesma, daquele lar tão familiar, da rua sem árvores para fazer sombra e do sotaque similar.
Longe posso dizer que sou feliz.
Entro num café e descubro que misto quente é torrada. E torrada o que seria? Apenas torrada.
Os carros param para que eu atravesse. Corro porque sempre corro demais, como na canção do Roberto.
Do vidro vejo o riso: ele pensa que sou louca.
Do meu lado, acredito que é difícil aceitar gentilezas nesses tempos. Ainda que prefira esse universo paralelo.
Taxistas são extremamente parecidos cá e lá. Conversam sobre qualquer assunto, indicam os melhores passeios e tudo aquilo que você não pode deixar de provar antes de partir.
E a partida é o fim da vida sem roteiro. É para ficar novamente de olho no ponteiro.
Eu gosto de me perder em ruas desconhecidas. Descobrindo cantinhos aos quais provavelmente não voltarei. Lendo placas que são códigos bastante locais. Mesmo que nas praças as crianças correndo, os velhos sentados nos bancos e a turma saudável soem tão universais.
Fico imaginando o que são certas palavras por minutos a fio antes de me atrever a perguntar.
Em determinados momentos não pergunto.
Ouço, observo e imagino como seria estar aqui mais uns dias ou uma vida. Faço esses exercícios em São Paulo, em Buenos Aires, no Recife e até no Rio...
Minha inquietação vive de malas prontas.

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