Acabo de voltar do meu "bota-fora" do Agenda no Bar do Antônio e ler o cartão coletivo da turma. Eu que não queria chorar, desabei. Coisa mais linda as homenagens que recebi. Cada presente, cada abraço, cada palavra. Nunca me esquecerei de nada...Mais uma vez: amo vocês!
E eis meus últimos escritos por lá:
Aos amigos da Rede Minas
Houve um dia, nos idos de 1996, quando eu fazia estágio na Arte do qual nunca me esquecerei. Fui ao banco, no meio do expediente, raspei o tacho e coloquei todo meu pagamento na carteira, dentro da bolsa no mesmo lugar de sempre. Como vivia em trânsito para o segundo andar, só percebi que a quantia tinha sumido no fim do dia. Nem tive tempo de me lamentar. Imediatamente, os funcionários passaram uma “sacolinha” por todos os andares para repor o prejuízo. Quando recebi a lista, vi nomes de pessoas que eu mal conhecia e então chorei para valer. Sempre que eu me lembro de cada um de vocês, penso em solidariedade, companheirismo e na determinação de vencer injustiças. E toda vez que alguém me diz, com desilusão, que a regra do mercado de trabalho é “puxar o tapete”, conto essa história.
É dessa Rede Minas que eu sentirei saudades. Da que me acolheu depois de minha formatura e que tanto me ensinou. Nem sempre, claro, foi da forma mais fácil, menos estressante porque em toda casa tem riso, bronca, lágrima, dores e delícias. Dos tempos da “ronda” de final de semana na Redação até as reportagens do Agenda, provando delícias em botequins e causando inveja geral, tive o privilégio de contar, na maioria das vezes, com a parceria de profissionais extremamente competentes e porque não dizer, amigos. Foram eles que me deram e dão segurança para seguir por outro caminho. Como disse Hegel: “o ser humano só é realmente grande, quando age movido por grandes paixões”. E essa foi minha grande paixão por quase oito anos.
A despedida é mais difícil do que se imagina. Podem acreditar. Ainda mais para quem conseguiu conhecer pelo menos um pouquinho de cada andar, de cada pessoa, porém não o suficiente porque precisa entrevistar, precisa colocar o programa no ar, precisa correr contra o relógio...
Ao final, vejo que a Rede Minas sempre terá algo que as outras não têm. Profissionalmente existem sim os que podem se dar bem em qualquer lugar. No entanto, essa não é nem de longe a maior qualidade de pessoas tão queridas, dedicadas e que sempre serão minha escola, meu referencial. Muito obrigada por tudo! Beijos! Ludmila
Meus queridos Agendianos:
Eu gostaria de não ter que me despedir, mas um dia vocês verão que chega a hora, como naquela máxima de Mark Twain: “Daqui há 20 anos você estará mais desapontado pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Portanto jogue fora as bolinas. Navegue para longe da baía segura. Pegue o vento da aventura em sua jornada. Explore. Sonhe. Descubra”.
Talvez seja este o momento mais difícil e crucial da minha passagem pelo programa, que para mim foi mais do que os cargos que ocupei. Por alguns momentos, nesses últimos dias, me lembrei de “Funeral Blues”, de W.H Auden:
“Pare os relógios, cale o telefone
Evite o latido do cão com um osso
Emudeça o piano e que o tambor surdo anuncie
a vinda do caixão, seguido pelo cortejo.
Que os aviões voem em círculos, gemendo
e que escrevam no céu o anúncio: ele morreu.
Ponham laços pretos nos pescoços brancos das pombas de rua
e que guardas de trânsito usem finas luvas de breu.
Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste
Meus dias úteis, meus finais-de-semana,
meu meio-dia, meia-noite, minha fala e meu canto.
Eu pensava que o amor era eterno; estava errado.
As estrelas não são mais necessárias; apague-as uma por uma
Guarde a lua, desmonte o sol
Despeje o mar e livre-se da floresta
pois nada mais poderá ser bom como antes era.
Aí percebi que meu jeito ariano exagerado estava “processando placa” além da conta porque, de alguma forma – e como disse Rodrigo Bernardes fã do Agenda – um pouco de mim sempre estará com vocês e de vocês comigo. Quero levar um pedacinho da competência da Aninha, do companheirismo da Duda, da maluquice da Bete, da boa vontade do Tiba, da doçura da Bárbara, do alto astral do Paulo, do carinho da Samira, da sensibilidade do João, do papo no divã do Dênio, da afinidade Rock com a Mariana, da empolgação da Maíra, da risada do Nivaldo, da tranqüilidade do Tomaz...Tem mais gente? Hehehe! Bom, o Peste e o Chileno eu queria levar para São Paulo e montar uma equipe de externa só para pedir uma coca-cola depois da entrevista e a entrevistada em questão dar mole para nosso iluminador, como sempre.
Vocês sabem o quanto todos e cada um, à sua maneira, são importantes para mim. O quanto me ensinaram nesses períodos – longos e breves - de convivência. A gente passou por tanta coisa: quebrou o pau, riu demais, chorou muito, ficou ansioso, vibrou com resultados (tá parecendo editoria de esporte, né?), processou placa (de novo), ripou o que não valia em nome do que sempre acreditamos: produzir o melhor programa de cultura do Brasil. Vou morrer com essa convicção. E no fundo, eu só deixaria o Agenda, se fosse para deixar a cidade. Não deu outra.
Para vocês
A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. É o mais independente.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida. É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo para o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com. Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo. Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado. Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.
Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade é jamais sentir por. Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo. Mas quem sente com, avalia sem se contaminar. Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar. Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação nunca existiram. Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar. E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.
Arthur da Távola
PS: Aléxis: cuida bem dessa turma. Agora eu sei que ela está em ótimas mãos. Boa sorte!
E eis meus últimos escritos por lá:
Aos amigos da Rede Minas
Houve um dia, nos idos de 1996, quando eu fazia estágio na Arte do qual nunca me esquecerei. Fui ao banco, no meio do expediente, raspei o tacho e coloquei todo meu pagamento na carteira, dentro da bolsa no mesmo lugar de sempre. Como vivia em trânsito para o segundo andar, só percebi que a quantia tinha sumido no fim do dia. Nem tive tempo de me lamentar. Imediatamente, os funcionários passaram uma “sacolinha” por todos os andares para repor o prejuízo. Quando recebi a lista, vi nomes de pessoas que eu mal conhecia e então chorei para valer. Sempre que eu me lembro de cada um de vocês, penso em solidariedade, companheirismo e na determinação de vencer injustiças. E toda vez que alguém me diz, com desilusão, que a regra do mercado de trabalho é “puxar o tapete”, conto essa história.
É dessa Rede Minas que eu sentirei saudades. Da que me acolheu depois de minha formatura e que tanto me ensinou. Nem sempre, claro, foi da forma mais fácil, menos estressante porque em toda casa tem riso, bronca, lágrima, dores e delícias. Dos tempos da “ronda” de final de semana na Redação até as reportagens do Agenda, provando delícias em botequins e causando inveja geral, tive o privilégio de contar, na maioria das vezes, com a parceria de profissionais extremamente competentes e porque não dizer, amigos. Foram eles que me deram e dão segurança para seguir por outro caminho. Como disse Hegel: “o ser humano só é realmente grande, quando age movido por grandes paixões”. E essa foi minha grande paixão por quase oito anos.
A despedida é mais difícil do que se imagina. Podem acreditar. Ainda mais para quem conseguiu conhecer pelo menos um pouquinho de cada andar, de cada pessoa, porém não o suficiente porque precisa entrevistar, precisa colocar o programa no ar, precisa correr contra o relógio...
Ao final, vejo que a Rede Minas sempre terá algo que as outras não têm. Profissionalmente existem sim os que podem se dar bem em qualquer lugar. No entanto, essa não é nem de longe a maior qualidade de pessoas tão queridas, dedicadas e que sempre serão minha escola, meu referencial. Muito obrigada por tudo! Beijos! Ludmila
Meus queridos Agendianos:
Eu gostaria de não ter que me despedir, mas um dia vocês verão que chega a hora, como naquela máxima de Mark Twain: “Daqui há 20 anos você estará mais desapontado pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Portanto jogue fora as bolinas. Navegue para longe da baía segura. Pegue o vento da aventura em sua jornada. Explore. Sonhe. Descubra”.
Talvez seja este o momento mais difícil e crucial da minha passagem pelo programa, que para mim foi mais do que os cargos que ocupei. Por alguns momentos, nesses últimos dias, me lembrei de “Funeral Blues”, de W.H Auden:
“Pare os relógios, cale o telefone
Evite o latido do cão com um osso
Emudeça o piano e que o tambor surdo anuncie
a vinda do caixão, seguido pelo cortejo.
Que os aviões voem em círculos, gemendo
e que escrevam no céu o anúncio: ele morreu.
Ponham laços pretos nos pescoços brancos das pombas de rua
e que guardas de trânsito usem finas luvas de breu.
Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste
Meus dias úteis, meus finais-de-semana,
meu meio-dia, meia-noite, minha fala e meu canto.
Eu pensava que o amor era eterno; estava errado.
As estrelas não são mais necessárias; apague-as uma por uma
Guarde a lua, desmonte o sol
Despeje o mar e livre-se da floresta
pois nada mais poderá ser bom como antes era.
Aí percebi que meu jeito ariano exagerado estava “processando placa” além da conta porque, de alguma forma – e como disse Rodrigo Bernardes fã do Agenda – um pouco de mim sempre estará com vocês e de vocês comigo. Quero levar um pedacinho da competência da Aninha, do companheirismo da Duda, da maluquice da Bete, da boa vontade do Tiba, da doçura da Bárbara, do alto astral do Paulo, do carinho da Samira, da sensibilidade do João, do papo no divã do Dênio, da afinidade Rock com a Mariana, da empolgação da Maíra, da risada do Nivaldo, da tranqüilidade do Tomaz...Tem mais gente? Hehehe! Bom, o Peste e o Chileno eu queria levar para São Paulo e montar uma equipe de externa só para pedir uma coca-cola depois da entrevista e a entrevistada em questão dar mole para nosso iluminador, como sempre.
Vocês sabem o quanto todos e cada um, à sua maneira, são importantes para mim. O quanto me ensinaram nesses períodos – longos e breves - de convivência. A gente passou por tanta coisa: quebrou o pau, riu demais, chorou muito, ficou ansioso, vibrou com resultados (tá parecendo editoria de esporte, né?), processou placa (de novo), ripou o que não valia em nome do que sempre acreditamos: produzir o melhor programa de cultura do Brasil. Vou morrer com essa convicção. E no fundo, eu só deixaria o Agenda, se fosse para deixar a cidade. Não deu outra.
Para vocês
A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. É o mais independente.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida. É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo para o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com. Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo. Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado. Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.
Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade é jamais sentir por. Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo. Mas quem sente com, avalia sem se contaminar. Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar. Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação nunca existiram. Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar. E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.
Arthur da Távola
PS: Aléxis: cuida bem dessa turma. Agora eu sei que ela está em ótimas mãos. Boa sorte!
"Lúdica",
ResponderExcluirNão deu para ir ao seu 'bota fora' por motivos justos. Estava a bordo de um avião, exausta voltando de Fernando de Noronha... Um vôo cheio de escalas: Noronha-Recife (com atraso de 1 hora e meia. Ao chegar em Recife, meu vôo, que ainda teria escala em Brasília já tinha partido, lógico. O jeito foi
pegar outro vôo: Recife-São Paulo. Fiquei 'mofando' no aeroporto de Guarulhos por mais de 2 horas e meia. Só então cheguei em Confins. Eu e Arnaldo pegamos um táxi eté minha casa (e isso já era meia noite e quarenta e cinco). Estou desculpada?????
No mais muito, muito sucesso pra você!! Ficam aqui comigo as
lembranças de vários momentos que tivemos 'Nesta Casa', que só quem está ou já esteve nela sabe como é... Você descreveu muito bem a Rede Minas. Vou parando por aqui este 'relatório', pois já tenho vontade de chorar de saudades. Então: brilhe ainda mais, que estaremos sempre te acompanhando menina! Espero que os almoços combinados ainda estejam de pé. Pois vou cobrar (eu e Arnô), junto com a Fernanda Ribeiro, claro!
Bjs,
sandra Gomes.
Acabo de voltar da estréia dos meus alunos. E começo a lembrar que amanhã volto lá para o nosso sexto andar e não tem mais você. Querida, sem dúvidas com você acontece a afinidade, o COM. Pensei muito nesse COM aí. Uma placa. Estou passando da fase da nostalgia de futuro, (ha!), sim, pois foi pouco tempo COM você. E agora me concentro no programa que você me fez amar e respeitar tanto (porque foi você que me apresentou o Agenda na hora que eu me apaixonei por ele, disso eu nunca me esquecerei). E nunca me esquecerei da forma como fui recebida por você ali, da segurança e da força que você sempre me passou (e,meu Deus, aquele início, logo de cara, fazendo ao vivo, só foi possível pelas brigas que você comprou pela gente. E foram tantas...). Sem falar que você é a eterna madrinha Espanca!, por toda generosidade e respeito pelo nosso trabalho, sempre fazendo de tudo para irmos cuidar do Jardim, do Japão, dos abacates pelas cidades afora.
ResponderExcluirAgora eu fico de lá, lembrando sempre de você, fazendo o melhor pelo seu programa do coração. E te vejo pelo mundo, sendo essa jornARTISTA que você é, encantando as pessoas como sempre, fazendo seu trabalho com amor, seriedade e competência, que você tem de sobra!
Estou COMtigo e não abro, Lud.
beijos!!!!!!!!
Samira
ai, vou chorar de novo! Beijos
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