Manifesto a favor do descontrol
por Nina Lemos


É muito legal ser controlada. Eu, depois de anos, acho que até sou. Só que às vezes a gente olha em volta e vê tanto, mas tanto controle que... sente falta do descontrol! Falta passionalidade nesse mundo tão politicamente correto, desabafou um amigo outro dia pelo telefone. Ele tá certo.

Então, esse é um manifesto pelo direito ao descontrol. Quer dizer, mais que pelo direito. Venho aqui clamar o descontrol e acender uma vela para ele. Que bom que ainda sentimos coisas embaralhadas, que bom que temos ciúme, raiva, amor e paixão. Que bom que gritamos na pista! Que bom!

Acho bom, até, nesse momento, que vez ou outra a gente sinta tanta raiva, mas tanta raiva, que até bata o telefone na cara de alguém. Que a gente grite quando está com raiva. E não seja exageradamente educado quando a gente não está afins de ser.

Ser superior (não, não esqueci da minha musa mulher superior) é também poder sentir! Eu quero sentir! E pra sentir amor, preciso sentir raiva. E pra sentir raiva preciso sentir amor. Ta, é psicologia barata descontrolada, mas esse é um manifesto pelo descontrole, então, escrevo sem me policiar.

A gente precisa parar de se policiar.

A gente precisa parar de ser cordato o tempo todo.

Nada como uma emoção bem de verdade gritada, nem que seja "um nunca mais quero te ver", mas que também seja um "eu te amo", dito pra pretê, amigo ou bicho de estimação.

As terapias orientas e florais não vão eliminar nosso direito de sentir. E eu, que não acredito nem em floral nem em terapia oriental, continuarei celebrando o descontrole. E a psicanálise. Que Freud a salve.

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