Sobre as madrugadas com ele

Foi quando, enfim, nos encontramos. E seu sorriso era o mesmo de quando tínhamos vinte e poucos, tanta pressa e muitos planos. Nossa conversa poderia ter durado mais do que algumas horas - ou seriam minutos? - dessa madrugada. Seu cabelo continua lindo, sem um único fio branco. E houvesse uma centena deles, não me importaria.

Passada aquela introdução diplomática sobre nossas viagens, escolhas e amores desfeitos, os assuntos eram plurais: você firme em suas posições, mas com uma doçura ácida que tanto me desconcerta. E mesmo que tenhamos falado sobre política, sobre a ausência de ambulantes vendendo balões coloridos nas ruas cidade e sobre aquela banda da qual agora não me lembro o nome, estar ali era tão bom quanto naquele dia, há mais de dez anos, no inferninho com o som alto.

Eu quis dizer que te vi no carnaval, com um tom de amarelo em sua alegria. No entanto, achei que não cabia me aproximar no meio da multidão, do calor e do alto das três latinhas de cerveja que eu havia bebido. "Você por aqui?" soaria meio ridículo.

Enfim, esse momento inesperado, um pouco nonsense - dada a circunstância - como tantos que espero subsequentes, entrou para a coleção das diversas coisas sobre você que quero desvendar. Mais uma vez, me apego a melhor lembrança que ficou entre o silêncio e quando (de novo) nos aproximamos. Fechei os olhos para me certificar se já não estavam assim.

Então, eu os abri. E despertei.

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