Tudo novo de novo
Há uma sensação da qual sinto falta...
Vem dos tempos de escola. O começo do ano letivo. Antes mesmo da primeira aula, de descobrir que colegas estariam na mesma classe ou quem seriam os novatos existia a lista. Composta por livros, que traziam conhecimentos inéditos, o estojo de lápis de cor intocado, os cadernos em branco, a camisa do uniforme engomada. Eu tinha sempre a certeza do recomeço. A matemática, que eu detestava, não seria a mesma. Tão pouco meus preferidos, português e história. Dava um certo frio na barriga, vontade de aprender o que não sabia de uma vez.
A chatice da vida adulta implica em crer que esse início de agora é meramente uma mudança no calendário, que nada será tão surpreendente quanto ver, pela primeira vez, no microscópio uma célula ou tão assustador quanto a tabela periódica dos elementos. Para a maior parte dos incrédulos apegados à chatice da vida adulta, o trabalho está ali, o relacionamento está ali, o vizinho está ali, tudo no mesmo lugar. Os de estruturas mais frágeis ainda conservam uma pequena dose de esperança, pois correm atrás de um emprego, de um amor e de um "bom dia" durante o encontro com o outro no corredor.
Não ter tudo de mãos beijadas ou entregar-se ao inesperado, quem sabe, sejam os maiores componentes para entender que vivemos o novo quando ganhamos 365 dias pela frente. E, em 2012, teremos mais um. Melhor pensar que justamente nessas 24 horas extras podem surgir o desenho mais primoroso feito com a caixa de lápis de cor (tanto faz se no início ou fim do caderno), o capítulo mais envolvente do livro, o sorriso com a turma durante o recreio, ainda que o botão da camisa tenha desaparecido misteriosamente (isso era recorrente na minha vida escolar).
Claro que haverá aquele dia de prova final, em que é preciso obter quase a pontuação máxima. E também a injusta vitória do time adversário na queimada. De quebra, a bronca da mãe querendo vetar a sessão da tarde até que o boletim fique quase todo azul. As chatices da vida não são reservadas para uma parte dela. Ainda bem. Porque eu mesma não aguentaria uma vida adulta de dissabores se antes tudo tivesse gosto de chokito que meu avô me dava diariamente.
Volto, então, àquela simbologia do início do texto: na minha imaginação, memória ou delírio, devo criar uma lista imaginária, com livros, lápis, cadernos, uniforme, frio na barriga e vontade de aprender. Simplesmente porque decidi que é melhor acreditar que tudo será novo de novo.
Vem dos tempos de escola. O começo do ano letivo. Antes mesmo da primeira aula, de descobrir que colegas estariam na mesma classe ou quem seriam os novatos existia a lista. Composta por livros, que traziam conhecimentos inéditos, o estojo de lápis de cor intocado, os cadernos em branco, a camisa do uniforme engomada. Eu tinha sempre a certeza do recomeço. A matemática, que eu detestava, não seria a mesma. Tão pouco meus preferidos, português e história. Dava um certo frio na barriga, vontade de aprender o que não sabia de uma vez.
A chatice da vida adulta implica em crer que esse início de agora é meramente uma mudança no calendário, que nada será tão surpreendente quanto ver, pela primeira vez, no microscópio uma célula ou tão assustador quanto a tabela periódica dos elementos. Para a maior parte dos incrédulos apegados à chatice da vida adulta, o trabalho está ali, o relacionamento está ali, o vizinho está ali, tudo no mesmo lugar. Os de estruturas mais frágeis ainda conservam uma pequena dose de esperança, pois correm atrás de um emprego, de um amor e de um "bom dia" durante o encontro com o outro no corredor.
Não ter tudo de mãos beijadas ou entregar-se ao inesperado, quem sabe, sejam os maiores componentes para entender que vivemos o novo quando ganhamos 365 dias pela frente. E, em 2012, teremos mais um. Melhor pensar que justamente nessas 24 horas extras podem surgir o desenho mais primoroso feito com a caixa de lápis de cor (tanto faz se no início ou fim do caderno), o capítulo mais envolvente do livro, o sorriso com a turma durante o recreio, ainda que o botão da camisa tenha desaparecido misteriosamente (isso era recorrente na minha vida escolar).
Claro que haverá aquele dia de prova final, em que é preciso obter quase a pontuação máxima. E também a injusta vitória do time adversário na queimada. De quebra, a bronca da mãe querendo vetar a sessão da tarde até que o boletim fique quase todo azul. As chatices da vida não são reservadas para uma parte dela. Ainda bem. Porque eu mesma não aguentaria uma vida adulta de dissabores se antes tudo tivesse gosto de chokito que meu avô me dava diariamente.
Volto, então, àquela simbologia do início do texto: na minha imaginação, memória ou delírio, devo criar uma lista imaginária, com livros, lápis, cadernos, uniforme, frio na barriga e vontade de aprender. Simplesmente porque decidi que é melhor acreditar que tudo será novo de novo.
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