Alegria, alegria

Quando eu era criança, uma das maneiras mais evidentes de manifestar meu contentamento era pulando na cama dos meus pais, como se estivesse numa cama elástica. Hoje, brindo com uma amiga a pequena vitória nossa de cada dia. Dizem que não é recomendável apostar na goleada antes mesmo do início do jogo, mas fica difícil não se sentir no topo da tabela do campeonato.

Semanas atrás, eu pensava muito em resilência. Se preciso fosse, era tempo de encarar uma cirurgia que eu temia fazer pelo risco que apresentava, pelo efeito "um mês na cama" sem corrida, sem correria do trabalho. Era tempo de encarar porque estamos em janeiro, oras. Há um 2012 pela frente cheio de planos a serem concretizados, certo?

Minha fé foi maior que a capacidade de dar a volta por cima. Nesse último quesito, sem modéstia, me transformei em craque. Sim, eu rezei para a segunda opinião divergir do anúncio gélido e categórico. E foi quando o médico, com uma doçura que só encontrei em três únicos nessa "encadernação"(Antônio Carlos, Dr. Gerson e Dra. Cláudia), sentenciou: "não é necessário esse procedimento".

Alívio, alegria, vontade de pular na cama e, agora, sem me preocupar em quebrar o estrado. Dr. Hélio não apenas resolveu minha aflição, como me deu motivo para querer o que eu já quis um dia, que foi um pouco minado por um relacionamento (como qualquer outro, pontuado por felicidade e privações). Um desejo meu, que espero ter alguém para compartilhar e, se não tiver, reinvento.

E como bom médico, ele ainda tem consultório perto da feira das flores para onde fui caminhando: era o jardim que escolhi para ser meu por alguns minutos da sexta-feira. Pensei em "flowers in the window" do Travis. Almocei em companhias agradáveis, escrevi uma matéria com prazer para o jornal, carregando um tiquinho naquela empolgação do início do jornalismo. Mais tarde, brindei com outra amiga...fui dormir leve.

Sonhei, acordei querendo me arrumar, usar vestido florido, dançar, pular na piscina, pegar estrada e colocar o rosto para fora sentindo o vento me beijando...abrir os olhos e nem me importar se na montanha ou no mar.

E o sol está lá na banca de revista me enchendo de alegria e preguiça: quem lê tanta notícia? Jogue o jornal para cima, vá ler um livro ou faça um barquinho de papel com ambos (eu devia ter aprendido com vovô Azevedo). Estou devorando as letras novamente, cada página. Em semanas dedicadas a equilibrar resiliência e fé, cheguei ao fim de "Feliz por Nada" da Martha Medeiros.

Sou feliz por nada. Sou feliz por coisas mínimas. Sou feliz por vitórias conquistadas às custas de adversários supostamente chinfrins para os que tentaram me enquadrar no rótulo de drama queen... no entanto só eu sei como foi driblar o que se libertou do quartinho escuro...porque isso envolve coisas tão minhas, tão pouco expostas, ainda que eu fale demais, use a escrita como forma de expressão e só falte desenhar para me fazer entender. Honestamente? Nem eu entendo. Tão pouco me preocupo. Viver ultrapassa entendimentos, certo querida Clarice?

Estão surgindo as primeiras flores daquele jardim que anunciei lá atrás, aquele de que iria cuidar sem pressa. Vou em frente e já sinto que 2012 será o novo 2007 de tão bom. Quem sabe São Paulo? Quem sabe o Caribe? Sabe-se lá...

"Mas existe verdadeiramente outro rumo? Na verdade, só existe a direção que tomamos. O que poderia ter sido, já não conta". De Mario Benedetti citado por Martha.

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