Dia do Solteiro

O dia do solteiro está quase acabando e eu me atrasei para comentá-lo por aqui. Coisa de gente solteira, que toma uma cervejinha descompromissada na segunda-feira, eu sei.

No ano passado pude comemorar o dia do solteiro, mas o fato é que eu nem sabia que ele existia. Passou em branco. Só mesmo agora, por uma questão editorial, me dei conta da data.

Honestamente, não faz muito sentido um esforço para celebrar (a cervejinha supracitada foi compartilhada com amigas comprometidas). E antes que alguém diga que estou maldizendo meu atual "status de relacionamento", explico: não há necessidade de comprar presente, de escrever poesia, de reservar restaurante ou de fazer fila na porta do motel. Logo, qualquer ritual que se cumpra em 15 de agosto é tão "whatever" que a publicidade não explora e a sociedade não cobra, por assim dizer.

Dia do Solteiro serve para lembrar que você está na pista. Alguns querendo um par, outros convictos. Existe, claro, o tipo mais interessante, embalado por aquela canção do Paulinho da Viola: "não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar. Sim, alguém que está. Está aberto, tranquilo, confiante no "best is yet to come", para lembrar outra música, dessa vez, de Sinatra.

Entre homens e mulheres não é difícil arricar que os primeiros se sentem mais à vontade nesse ser e estar. Mulheres, em geral, preferem a companhia. Ainda que sejam as que tomam as rédeas na hora de terminar uma relação ruim.

Como a lista de diferenças pode ser extensa, além de gerar controvérsias, prefiro me ater ao tipo de solteira que eu virei. Porque a cada término de namoro ou casamento fui uma. Cada pausa entre um e outro também.

Importante delimitar fases. Há no início aquela sensação de euforia, de querer beber todo o movimento da balada de canudinho. Tem a temporada de seca, em que parece que ninguém te quer. Tem a bonança, na qual você exala gostosura. Por fim, vem a normalização dos ciclos: de vez em quando se joga, porém passa dias em casa lendo e vendo filmes. Um cara aparentemente legal te dá um perdido. Surge outro, bem mais gato, te dá uns bons amassos e você esquece rápido o primeiro.

Então, é o momento em que aparentemente tudo parece estar propício para que, no próximo dia 12 de junho, você esteja às voltas com outra data. Não necessariamente. Quando penso como venho mudando, essa é a ideia que funciona como ponte e transição. Como na peça que vi recententemente, inspirada em Beckett, "o amor, isso, não se tem quando se quer".

Não é merecimento, matemática ou roteiro de cinema. Não adianta pedir para parar o carro porque você quer descer.

Eu caminho em direção à tranquilidade até no meio da muvuca, navego pelo mar que tem marola e também onda revolta. E nem sei aonde vai dar.

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