Meu tipo

Certa vez, li uma tirinha muito divertida de uma moça com uma lista de requisitos do que considera o cara ideal. Ao longo dos meses, ela vai tirando alguns predicados como: bonito, inteligente, compreensivo. Resta, no desfecho, que o rapaz simplesmente seja hétero. Eu achei divertido, mas não compartilho a mesma opinião.

Ainda que a percepção seja de um tempo de escassez de homens realmente interessantes e com atitude, meus critérios para uma possível paixão estão ali desde sempre. Não de maneira radical ou inabalável. Claro que eu escolheria fácil o que torce pelo mesmo time, não perca um filme do Woody Allen e aprecie felinos. No entanto, se for pelo adversário, preferir teatro e peixinhos dourados não será o fim do mundo.

Uma amiga, outro dia, me disse que gosto do mesmo "estilinho de caras". Referia-se à embalagem, já que eu estava naquele momento stalker facebookiano mostrando a ela possíveis candidatos ao "meu olhar 43, aquele assim"... Sim, são mais camiseta de malha que terno, mais barba por fazer do que pinta de metrossexual, mais foto em balada de rock que roda de samba, mais mesa de boteco que quintas de futebol na várzea com amigos. Existem, nessas definições, tantas possibilidades...

O conteúdo é lugar da complicação. Vale a regra do "meio intelectual, meio de esquerda" do Antonio Prata. Sou conquistada pela inteligência, pelo humor e pela gentileza. Sem esses pilares, meu amigo, não dá. O conteúdo inclui virtudes como ética e lealdade (aquela que o Caetano cantou:" serei leal contigo, quando eu cansar-me dos teus beijos, te digo"). O conteúdo seria fantástico com "acessórios": certas esquistices fofas, algumas surpresas, como querer me levar para passear na roda gigante do Parque Guanabara comendo algodão doce ao invés da dupla cinema e jantar.

A menina da tirinha vê sua lista mudar depois de um ano solteira. Estou há quase 365 dias neste clube (e com o recorde impressionante de três encontros com o mesmo cara), mas prefiro não riscar nenhum item. Sigo me arriscando sem, no entanto, procurar. Adoro imaginar a possibilidade do esbarrar. Seja num show, num café ou numa livraria. Principalmente, adoro a possibilidade de ter uma boa história para contar.

Jason Schawrtzman faz meu tipo. Pena que esteja tão longe

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