Encontro às escuras
Devo confessar: fico bastante ressabiada quando um amigo ou amiga, com a melhor das intenções diz que tem alguém que é "a minha cara" com o intuito de promover um "get together". Primeiro, eu posso estar beliscando azulejo (o que felizmente não é o caso neste momento), porém acho que nunca pedi em sã consciência para me apresentarem, num encontro de casais e/ou turma, um carinha aleatório que se enquadre no meu tipo (ler aqui). Segundo, eu tenho a minha própria experiência bizarra com os chamados "blind dates". Bizarra não só: surreal e involuntária.
Aconteceu há muito tempo. Eu devia ter uns 16 para 17 anos... Conheci dois amigos que estavam no primeiro ou segundo ano da faculdade. Era a época em que eu nem olhava na cara dos moleques da minha sala e a dupla me chamou para sair numa noite de sábado (vou mudar o nome para preservar as identidades). Eu tonta, desde quando não passava de garotinha juvenil, me encantei pelo Leo. Ele era tímido, adorava as bandas de Seattle e tinha um sorriso lindo. Acontece que foi o Ivan, super falante, com gosto musical "eclético" e meio ogrinho que aparentemente se interessou por mim.
Pois bem. Na data combinada, eles foram pontuais e me pegaram em casa numa picape, de modo que eu sentei bem no meio - com o Ivan tagarelando e o Leo pontuando alguns assuntos. Chegamos ao bar e os dois pediram uma cerveja. Como eu mal bebia e saí de casa com todas as recomendações do "alcorão das mães" me pesando as costas, limitei-me a pedir um drink com pouca vodka e muito leite condensado (engraçado como o Juizado de Menores fazia vista grossa na minha adolescência. Ao menos é a sensação).
Só dava o Ivan na mesa. Os casos engraçados, o pedido do tira-gosto. Quando olhei para o lado, o Leo estava dormindo. Acordamos o rapaz e eles me deixaram direitinho no meu prédio.
Dias depois, o Ivan me liga. "Vamos sair neste sábado sem o Leo?". Topei porque o conselho deliberativo das amigas de colegial já havia decidido que era para eu desistir do moço tímido que gostava das mesmas coisas que eu. Valia a gente tentar se interessar por quem se interessasse por nós. Certo? Rá!
Os dias se passaram e na hora combinada lá estava Ivan conforme o combinado. Como ele me disse que o lugar para onde iríamos era surpresa, fui de vestido básico chiquezinho.
Chegamos a uma festa, algo como bodas de prata. E, para meu completo estarrecimento, surge Paula, a namorada do Ivan. Super simpática ela me avisou que não ficaríamos naquele ambiente de velhos por muito tempo. E eu pensando: "por favor me deixem aqui com a mesa de doces".
Mas todo bolo tem uma cereja. Foi aí que Ivan e Paula me apresentam Bernardo. Gordinho, quase da minha altura (não estou exagerando) e com um olhar assustador. Sentamos todos na sala e eu super interagindo com as pessoas mais velhas, evitando Bernardo como hoje evito farinha de trigo...
Chegou o momento de despedida daquele ambiente acolhedor e familiar. Por unanimidade, o trio sugeriu um inferninho que todo mundo adorava (pré-Obra) e que, para minha "sorte", não pedia RG de meninas inocentes na porta.
Partimos num carro que devia ser do pai de algum deles. E eu mentalizando desculpas esfarradas que comecei a soltar: "acho que a banda que vai tocar hoje lá nem é boa" e "estou com sono. Por que não combinamos outro dia?". Era como se minha voz não saísse. Lembrei-me que poderia voltar de táxi, pois eu trabalhava! Sim, na rádio 107, quando ela era especializada em rock. Oh yeah.
Entramos no inferninho. Os vampiros que me atraíram para aquela temida criatura sumiram e eu mantive a frieza. "Olha Bernardo, eu não vou ficar com você, ok?". E como toda pessoa sem noção que se preze ele ouviu o contrário.
Escapei da investida alegando que precisava de uma coca-cola. "Eu mesma irei buscar". Saí correndo do inferninho, entrei no táxi e não tive mais notícias de nenhum deles. Nem do Leo. Contudo, ficou a lição: encontro às escuras é roubada e o meu caso, que nem nome tem, é praticamente filminho de terror.
Ou esta crônica.
Aconteceu há muito tempo. Eu devia ter uns 16 para 17 anos... Conheci dois amigos que estavam no primeiro ou segundo ano da faculdade. Era a época em que eu nem olhava na cara dos moleques da minha sala e a dupla me chamou para sair numa noite de sábado (vou mudar o nome para preservar as identidades). Eu tonta, desde quando não passava de garotinha juvenil, me encantei pelo Leo. Ele era tímido, adorava as bandas de Seattle e tinha um sorriso lindo. Acontece que foi o Ivan, super falante, com gosto musical "eclético" e meio ogrinho que aparentemente se interessou por mim.
Pois bem. Na data combinada, eles foram pontuais e me pegaram em casa numa picape, de modo que eu sentei bem no meio - com o Ivan tagarelando e o Leo pontuando alguns assuntos. Chegamos ao bar e os dois pediram uma cerveja. Como eu mal bebia e saí de casa com todas as recomendações do "alcorão das mães" me pesando as costas, limitei-me a pedir um drink com pouca vodka e muito leite condensado (engraçado como o Juizado de Menores fazia vista grossa na minha adolescência. Ao menos é a sensação).
Só dava o Ivan na mesa. Os casos engraçados, o pedido do tira-gosto. Quando olhei para o lado, o Leo estava dormindo. Acordamos o rapaz e eles me deixaram direitinho no meu prédio.
Dias depois, o Ivan me liga. "Vamos sair neste sábado sem o Leo?". Topei porque o conselho deliberativo das amigas de colegial já havia decidido que era para eu desistir do moço tímido que gostava das mesmas coisas que eu. Valia a gente tentar se interessar por quem se interessasse por nós. Certo? Rá!
Os dias se passaram e na hora combinada lá estava Ivan conforme o combinado. Como ele me disse que o lugar para onde iríamos era surpresa, fui de vestido básico chiquezinho.
Chegamos a uma festa, algo como bodas de prata. E, para meu completo estarrecimento, surge Paula, a namorada do Ivan. Super simpática ela me avisou que não ficaríamos naquele ambiente de velhos por muito tempo. E eu pensando: "por favor me deixem aqui com a mesa de doces".
Mas todo bolo tem uma cereja. Foi aí que Ivan e Paula me apresentam Bernardo. Gordinho, quase da minha altura (não estou exagerando) e com um olhar assustador. Sentamos todos na sala e eu super interagindo com as pessoas mais velhas, evitando Bernardo como hoje evito farinha de trigo...
Chegou o momento de despedida daquele ambiente acolhedor e familiar. Por unanimidade, o trio sugeriu um inferninho que todo mundo adorava (pré-Obra) e que, para minha "sorte", não pedia RG de meninas inocentes na porta.
Partimos num carro que devia ser do pai de algum deles. E eu mentalizando desculpas esfarradas que comecei a soltar: "acho que a banda que vai tocar hoje lá nem é boa" e "estou com sono. Por que não combinamos outro dia?". Era como se minha voz não saísse. Lembrei-me que poderia voltar de táxi, pois eu trabalhava! Sim, na rádio 107, quando ela era especializada em rock. Oh yeah.
Entramos no inferninho. Os vampiros que me atraíram para aquela temida criatura sumiram e eu mantive a frieza. "Olha Bernardo, eu não vou ficar com você, ok?". E como toda pessoa sem noção que se preze ele ouviu o contrário.
Escapei da investida alegando que precisava de uma coca-cola. "Eu mesma irei buscar". Saí correndo do inferninho, entrei no táxi e não tive mais notícias de nenhum deles. Nem do Leo. Contudo, ficou a lição: encontro às escuras é roubada e o meu caso, que nem nome tem, é praticamente filminho de terror.
Ou esta crônica.
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