Leveza

Estava indo trabalhar e, no meio do caminho, decidi fazer uma tatuagem. Precisava marcar na pele um lembrete. Precisava que fosse do lado esquerdo, o lado do coração. Como sou destra, que servisse para eu olhar e copiar.

Me veio a palavra leveza.

E nem é necessário que eu explique demais o porquê.

No estúdio, enquanto aguardava o desenho, entrou uma moça. Ela nunca fizera uma tattoo, porém iria prestar uma homenagem à melhor amiga que havia morrido.

Não me contive e interrompi sua escolha pelo desenho de uma borboleta. Contei sobre a Mariana, que partiu no ano passado, e relembrei que ali minha amiga fez sua primeira tatuagem. E eu estava lá segurando sua mão, em caso de pânico das agulhas. E as estrelas em seu ombro nem doeram. Eu mesma fiz um desenho de supetão, substituído pela minha flor de lótus.

Essa a saudade sequenciada que eu sinto virou a quarta da série. Está no pulso que ainda pulsa.

E, como também na música, corpo ainda é pouco.

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