À moda antiga

"Dar-te-ei a mim mesmo agora
E serei mais que alguém que vai correndo pro fim
Esse morre, envelhece, acaba e chora, ama e quer, desespera. Esse vai, mas esse volta"


Quando ouvi essa música fiquei muda. Como assim? Quem é esse cara capaz de trair todas as convicções de que não existem mais exemplares gentis e amorosos nesse mundinho egoísta? Imediatamente, confesso, fiquei viciada em "Feito Pra Acabar", doçura a cada faixa, do Marcelo Jeneci. Comprei o disco, coisa que não faço há anos. E o deixo no "repeat" algumas vezes na semana até hoje.

E como adoro quando as ideias correspondem aos fatos, tive o prazer de entrevistá-lo no início da semana que passou (como eu andava saudades dessa dinâmica da reportagem). Com um sorriso fácil e sincero, Jeneci é a tradução do que compõe. E espero que faça muitos e muitos discos, porque as pessoas precisam parar de acreditar que não existem mais exemplares gentis e amorosos nesse mundinho egoísta.

Por uma dessas armadilhas cósmicas, dois rapazes também me deram uma lição nesses últimos dias. Um deles, colega de trabalho e recém solteiro, estava nas nuvens em pleno horário de almoço, assim numa quarta-feira...tudo por causa de um beijo. Um não, vários. Eu e duas amigas aproveitamos o ensejo para sabatiná-lo, tirar aquelas dúvidas básicas sobre o ligar no dia seguinte, a capacidade de sumir completamente e tudo mais. Ele nos olhou como aquilo não fizesse parte de seu folclore pessoal. De fato não faz. Pois bem, o moço não só ligou no dia seguinte como disse que ainda sentia os lábios dela nos dele.

Embora não necessariamente esteja atrás de compromisso, meu colega esclareceu que se deixa levar pelo romance. Simples assim. Esse simples sofisticado que não conseguimos cogitar. Por que ter apenas aquelas velhas possibilidades? Posts atrás, eu mesma escrevi sobre casar, namorar e ficar. A lacuna romance não passou pela minha cabeça. Quanta limitação!

Um romance é invariavelmente saboroso e deveras raro.

Quantas pessoas você conhece que vivem um romance? Que dure uma noite, alguns dias, semanas, meses ou a vida toda?

Apegar-se às certezas pode ser traição na certa. Quando achei que a vivência do meu colega foi a responsável por azeitar seu comportamento, fui apresentada ao amigo de uma amiga. Com menos de 30 anos de idade, ele abraça as pessoas de um jeito terno e verdadeiro. Suas histórias, sua fala pausada e seu jeito de ver o mundo mostraram rapidamente que ele faz parte desse seleto clubinho que ainda preza a delicadeza. Sabe aquela pessoa que você mal conhece e quer ser amigo? É algo muito especial que não acontece sempre. Ou talvez quando a gente está mais aberto a enxergar beleza, poesia e, literalmente, deixar-se conduzir pela leveza.

Comentários

  1. "Apegar-se às certezas pode ser traição na certa". Isso é lindo. Deixo aqui, nesse mundo, não menos apaixonante, a pergunta: Quantas paixões você teve hoje ou deixou de tê-las? Beijocas Lud.

    ResponderExcluir
  2. Meu caro Felipe, que ótimo receber de novo sua visita! Hoje eu me apaixonei algumas vezes sim por músicas e escritos. E venho, ultimamente, querendo cultivar mais paixões no lugar de deixar de tê-las. Beijos querido!

    ResponderExcluir
  3. a vida só vale a pena por essas paixões e romances que deixamos acontecer! apaixonar-se não significa a existência de um outro, mas sim a entrega a algo que te as vezes te descompassa. como bem disse a Lud; uma música, a cor do céu, o telefonema de um(a), amigo querido....

    ResponderExcluir
  4. Que a leveza nos leve. Uma vida cheia de romance e doçuras e coisas serelepes. Amém.

    ResponderExcluir
  5. Agnes e Luiza, mais do que um prazer receber vocês aqui na minha "casa". Que nos apaixonemos e andemos de mãos dadas com a delicadeza. Beijinhos!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas