Pronta para ir embora

Descobri que não irei me readaptar a Belo Horizonte, mas não que eu esteja querendo voltar a morar em São Paulo. Estou pronta para partir para um lugar diferente. Um lugar que não seja provinciano e que, contudo, não oprima por sua grandeza e voracidade. Quero um lugar em que eu possa andar pelas ruas sem precisar parar o tempo inteiro para cumprimentar (e conversar amenidades com) as pessoas, porém este não deve ser longe da casa da minha mãe porque não gostaria de encontrá-la uma vez por mês, como aconteceu no passado recente. Quero um lugar que me faça querer sair de casa diante de suas várias opções de diversão, todavia essas tantas devem ser estar dentro das minhas possibilidades financeiras e de locomoção, uma vez que não dirijo.

Ao longo da infância tive alguns amigos imaginários que não necessariamente eram invisíveis. Muitos deles eram bonecos que interagiam apenas comigo e quando eu desejava. Eu tinha também meus refúgios, lugares comuns que se transformavam diante dos meus olhos como a floresta (o quintal da casa da minha avó), a cabana em cima da árvore (minha barraquinha da turma da Mônica) e a torre da princesa (meu quarto quando habitado apenas por mim, pois princesas não dividem espaço com a irmã). Talvez eu sempre precisasse do real - ou pelo menos palpável - para vislumbrar o ideal. Logo é triste pensar que o lugar que eu quero agora não existe. Fica assim a sensação de não pertencimento até que eu crie coragem de me arriscar novamente, apesar das raízes que me seguram.

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