Ando meio Woody Allen
Não bastasse a mania que tenho de verificar o tempo todo se as janelas foram fechadas em dias nublados, se o tostex, o forno e a trempe do fogão estão desligados, se não esqueci o ferro quente no chão a ponto de queimar o focinho do meu gato. Talvez não fossem suficientes as inúmeras vezes que girei a maçaneta para me certificar de que a porta foi realmente trancada. Na retrospectiva mental do elevador, no meio do caminho para o trabalho, os retornos para novas checagens em casa invariavelmente acontecem. Já cheguei ao cúmulo de solicitar com carro no jornal sob a suspeita de que meu apartamento estaria em chamas.
Por mais que a origem dessas pequenas neuroses seja um mistério para mim, há momentos que penso que isso tudo vem do meu medo de esquecer. Fico apegada a pequenez cotidiana, que mascara certos pavores de maior proporção. Não quero que as imagens da infância fiquem turvas ou que as seqüências de certos fatos importantes para mim percam a lógica. Então forço minha concentração como posso, seja num texto, na missão de solucionar a roupa amassada, no café que ferve freneticamente enquanto o leite esquenta e o pão fica torrado. Sinto o cheiro de queimado.
A técnica "infalível" que supervaloriza "uma coisa de cada vez", não se aplica a mim. Quando empregada, resulta no mais completo e absurdo lapso de memória. Ou seja, o tiro sai pela culatra. Pegar uma xícara sem que todo o "aparato" da primeira refeição matinal esteja a todo vapor rende segundos de contemplação ao infinito. "Por que estou olhando para a prateleira mesmo?", questiono.
Só escovo os dentes antes de dormir, passando cremes e tirando as lentes de contato simultaneamente. Nessa operação relâmpago, felizmente nunca apliquei o caríssimo anti-sinais na escova de dentes. Como toda pessoa convicta de que suas teorias obssessivas são inabaláveis, sábado fiz um test-drive inconsciente com o estado de calmaria. Antes do banho, busquei o aparelho de depilar no armário e acabei ligando o secador na perna.
A loucura venceu! E olha que tudo que descrevi enquadra-se numa categoria bem branda da minha personalidade.
Por mais que a origem dessas pequenas neuroses seja um mistério para mim, há momentos que penso que isso tudo vem do meu medo de esquecer. Fico apegada a pequenez cotidiana, que mascara certos pavores de maior proporção. Não quero que as imagens da infância fiquem turvas ou que as seqüências de certos fatos importantes para mim percam a lógica. Então forço minha concentração como posso, seja num texto, na missão de solucionar a roupa amassada, no café que ferve freneticamente enquanto o leite esquenta e o pão fica torrado. Sinto o cheiro de queimado.
A técnica "infalível" que supervaloriza "uma coisa de cada vez", não se aplica a mim. Quando empregada, resulta no mais completo e absurdo lapso de memória. Ou seja, o tiro sai pela culatra. Pegar uma xícara sem que todo o "aparato" da primeira refeição matinal esteja a todo vapor rende segundos de contemplação ao infinito. "Por que estou olhando para a prateleira mesmo?", questiono.
Só escovo os dentes antes de dormir, passando cremes e tirando as lentes de contato simultaneamente. Nessa operação relâmpago, felizmente nunca apliquei o caríssimo anti-sinais na escova de dentes. Como toda pessoa convicta de que suas teorias obssessivas são inabaláveis, sábado fiz um test-drive inconsciente com o estado de calmaria. Antes do banho, busquei o aparelho de depilar no armário e acabei ligando o secador na perna.
A loucura venceu! E olha que tudo que descrevi enquadra-se numa categoria bem branda da minha personalidade.
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