Zapeando

Sabe quando se está cansado a tal ponto que o processo dormir dá tanto trabalho que é melhor esperar um estágio de desmaio para encará-lo? No momento vejo os caracteres de um filme subindo no telecine. Impossível parar diante da TV e achar algo bom. Tem sido assim há algum tempo. A TV a cabo é basicamente do Alê. Está proibida no nosso quarto onde prefiro ler.

Na Gabi tem Agnaldo Silva falando de uma novela que eu não vejo (não vejo nenhuma, aliás), no Multishow aquele lixo do Circo do Edgard. De longe, um dos programas mais chatos produzidos nos últimos tempos. Na Globo um humorístico com a Magda e o Caco Antibes. Revival? Nos canais de sitcom nenhum seriado parece interessante, filmes dublados e batidos aos montes, Observatório da Imprensa (com aquela imagem lavada e áudio grotesco das gerações da Rede Minas) discutindo o caso Isabella, mais caso Isabella no Em Cima da Hora, na Globonews. Documentários sobre a vida animal, milhares de picaretas vendendo panela, pneu e a cura para quem tem Jesus no coração. Pulo quase tudo na TV aberta. Deixo no Eurochannel e abaixo o volume. Qualquer coisa em francês, idioma que não domino, é melhor que o som constante do meu bocejo.

Há que se levantar dessa cadeira na qual pareço estar colada, tomar banho, lavar o rosto, passar o adstringente, o creme do contorno dos olhos, o anti-oleosidade, os hidratantes específicos de cada região, colocar a camisola e deitar. Ler uns 20 segundos e desligar a luz.

Como nas nove em cada dez vezes que deito sozinha, serei acordada pelo meu marido que não consegue não ligar a luz quando já estou dormindo. Ele pergunta se estou dormindo mesmo. Então, eu custo a voltar aos braços de Morfeu. Em menos de cinco horas, Téti já está se aninhando na nossa cama. Levanto, faço xixi, tomo água e deito. Nem sempre tiro um cochilo. O despertador toca. Levanto de novo, lavo o rosto, coloco a lente, faço o café, calculo a melhor hora do dia para ir malhar, arrumo as bolsas, separo a roupa que vou usar, tomo banho, troco a opção de roupa porque tenho preguiça de passar e estou atrasada, coloco a roupa, alimento o gatinho, checo sua caixinha sanitária, pego os jornais e vou trabalhar.

No caminho do trabalho fico pensando que esqueci de algo que posso lembrar daqui três dias. Leio e critico os jornais, ligo o computador e só volto ao normal quando não consigo mais reagir diante da tela. Acho que vou ficar rouca amanhã. O punho dói por conta da simultaneidade de se escrever no word, email e msn. Dou respostas vagas e nem sempre entendo as perguntas da minha equipe. Impossível sonhar com férias ou mesmo prevê-las. Relaxar é elevar a frequencia cardíaca ao máximo no spinning. O café com os amigos eu só vou adiando.

Abaixo o volume da TV que neste momento exato me irrita ao extremo. Como tem ator elogiando o governo! Em 2050 não haverá comida como em 2008 não há clima ameno nessa Belo Horizonte desértica.

Mais um post sem nexo? Parece que bebi, no entanto, estou, sim, exausta. As últimas semanas têm sido intensas. No feriado do trabalho, trabalho. Mudo de canal e o olho coça. Mais atores que dessa vez dizem que o Santander é uma mãe seguindo o refrão do Mundo Livre S.A, "quem se importa de onde vem a grana?".

Meu olho arde e a garganta arranha. Estou no ápice da irritabilidade e da rabujice.

Vou dormir.

Comentários

  1. Anônimo2:53 PM

    ... e no entanto, apesar de toda a irritabilidade e rabugice, eis que nasce um post daqueles que a gente gosta de ler, porque espelham nosso dia-a-dia corrido... Ao contrário do post aí embaixo, que me nego a comentar...
    Abraço!

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