Dia de quem? - Mário Prata
A pergunta do título foi feita pela primeira vez há exatos 143 anos. E foi em Nova Iorque. É que a mulherada das fábricas de vestuário e têxteis da cidade fizeram uma marcha contra os salários baixos, doze horas de batente e péssimas condições de trabalho. Era 1857 e, no Brasil, as mulheres brasileiras, quais Penélopes, ainda não trabalhavam. Aguardavam os maridos que tinham ido até a guerra do Paraguai. Enquanto os maridos brasileiros massacravam os paraguaios, as mulheres americanas eram violentamente dispersas pela polícia.
Mas o mundo girou e a lusitana rodou a baiana. E há 25 anos a ONU cismou que o dia 8 de março é o dia da mulher. Se eu entendi bem, os outros 364 são dias de homem. Ou seja, discriminaram mais uma vez as meninas.
E para que elas não chiassem muito, inventaram outros dias igualmente femininos. Por exemplo: dia 3 de novembro é o dia da cabelereira. Dia 12 de março - semana que vem - é o dia da bibliotecária. Para as enfermeiras reservou-se o dia 12 de maio, um dia antes da libertação das escravas. E a telefonistas fica toda serelepe no dia 29 de junho. Pensaram também na mulher empregada doméstica: 27 de maio, mês das noivas.
Para que homens e mulheres tivessem alguns dias juntos, nasceu o dia da amizade, 20 de julho. E, se são amigos, podem comemorar juntos no dia 13 de abril o dia do beijo. Verdade. E se ela está velhinha, nada como o dia 24 de janeiro para o dia das aposentadas.
E tem mais, mulheres: tem o dia da mulher criança, da mulher mãe, da mulher avó e, é claro o dia das sogras, 28 de abril.
Quer sacanagem, né? Então não se esqueça de anotar o dia 22 de setembro. Dia da amante. Ou espere até o dia 15 de agosto e curta sozinha o dia das solteiras. Tem até dia da vizinha: 23 de dezembro. Será que é para lembrar de dar presente de natal ou reclamar das luzinhas que não param de piscar a noite toda?
Eu acho que quem fica inventando essas datas todas é tudo viado. Dia de viado não tem. Nem dia do cronista. Muito menos dia do cronista de saco cheio de datas e vazio de inspiração.
março de 2000
A pergunta do título foi feita pela primeira vez há exatos 143 anos. E foi em Nova Iorque. É que a mulherada das fábricas de vestuário e têxteis da cidade fizeram uma marcha contra os salários baixos, doze horas de batente e péssimas condições de trabalho. Era 1857 e, no Brasil, as mulheres brasileiras, quais Penélopes, ainda não trabalhavam. Aguardavam os maridos que tinham ido até a guerra do Paraguai. Enquanto os maridos brasileiros massacravam os paraguaios, as mulheres americanas eram violentamente dispersas pela polícia.
Mas o mundo girou e a lusitana rodou a baiana. E há 25 anos a ONU cismou que o dia 8 de março é o dia da mulher. Se eu entendi bem, os outros 364 são dias de homem. Ou seja, discriminaram mais uma vez as meninas.
E para que elas não chiassem muito, inventaram outros dias igualmente femininos. Por exemplo: dia 3 de novembro é o dia da cabelereira. Dia 12 de março - semana que vem - é o dia da bibliotecária. Para as enfermeiras reservou-se o dia 12 de maio, um dia antes da libertação das escravas. E a telefonistas fica toda serelepe no dia 29 de junho. Pensaram também na mulher empregada doméstica: 27 de maio, mês das noivas.
Para que homens e mulheres tivessem alguns dias juntos, nasceu o dia da amizade, 20 de julho. E, se são amigos, podem comemorar juntos no dia 13 de abril o dia do beijo. Verdade. E se ela está velhinha, nada como o dia 24 de janeiro para o dia das aposentadas.
E tem mais, mulheres: tem o dia da mulher criança, da mulher mãe, da mulher avó e, é claro o dia das sogras, 28 de abril.
Quer sacanagem, né? Então não se esqueça de anotar o dia 22 de setembro. Dia da amante. Ou espere até o dia 15 de agosto e curta sozinha o dia das solteiras. Tem até dia da vizinha: 23 de dezembro. Será que é para lembrar de dar presente de natal ou reclamar das luzinhas que não param de piscar a noite toda?
Eu acho que quem fica inventando essas datas todas é tudo viado. Dia de viado não tem. Nem dia do cronista. Muito menos dia do cronista de saco cheio de datas e vazio de inspiração.
março de 2000
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