Florência

Passava das três da tarde e não havíamos almoçado.
Na rua San José as plaquinhas "cerrado" eram comuns, mesmo com os convivas saboreando massas e carnes dentro dos restaurantes.
Não queria comer lanchinho. Não sei se é porque nasci ao meio-dia, mas é raro eu pular almoço.
Eis que um rapaz nos aborda com um cardápio.
Mais do que a fome, quis entrar pelo nome do lugar: Locos de Asar.
Ela veio com pães e a carta de vinhos.
Voltou para saber o que estava escrito no meu braço.
Quando eu disse que era "Heroes", do David Bowie, sorriu para o rapaz que estava no balcão.
"Fizemos uma aposta", disse.
Depois que escolhi, ela teceu considerações sobre o tannat.
"Vocês já conheciam o Uruguai?"
Respondi que não, que estava apaixonada. Pelo lugar e pelas pessoas. Completei que conhecia e gostava dos vizinhos.
"Mas nós somos mais afetuosos".
Dei razão (e que me desculpem os argentinos).
Quando chegou com o vinho, expliquei que eu iria degustar e meu marido completou que na nossa casa é assim.
"E é assim que tem que ser", sorriu novamente.
Não estava no salão principal quando saímos.
Já na porta fiz questão de voltar e pedir ao rapaz do balcão para deixar um abraço meu para Florência.

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