A tal retrospectiva...

Tudo em dezembro é pesado.
Nossas medidas com tantas comidas e bebidas festivas, a intensidade dos raios e das águas que caem na maior parte do país, a obrigatoriedade de se olhar para trás e ver o que foi cumprido ou não.
Não aprendi a dirigir - e isso vem desde os 18 anos.
Não tirei férias de 30 dias - e isso vem desde 2012.
Não fiz as pazes com a balança - e isso vem desde os 14 anos.
Não obtive certificado de proficiência em outro idioma - e isso vem desde sempre.
Mudarei em 2015?
Possivelmente não.
Seguirei reclamando dos coletivos e cansaços, não pensarei duas vezes antes de comer o terceiro pedaço de pizza e irei me virar com a língua estrangeira desde que não seja grega, chinesa ou russa.
Chego em mais um dezembro imperfeita.
E lá se foram 37 outonos e alguma terapia. Não tem jeito.
Reclamar de 2014?
Foi mais um ano difícil, como 2015 pode ser. Difícil não significa péssimo, no entanto não é todo mundo que ama mudanças. Eu, como um fogo meio fajuto, prefiro ganhar na mega-sena e mudar de vida com champanhe e sem sacrifícios. Essa de sair na marra da própria cidade, encarar outro estilo de vida e ver no que vai dar, não é a minha predileção (tão pouco algo inédito).
Transições cabem melhor nos fortes.
Mas não posso reclamar.
Tenho mais do que casa, comida e roupa lavada.
E meus 12 meses não cabem num app do Facebook.
Abri mão de trabalhar com cultura, li menos livros, vi menos filmes.
Passei a praticar yoga, cozinhar mais e ser menos apegada.
Procuro o equilíbrio entre aqueles quatro títulos que eu devorava por mês e o shrishasana, que julguei ser impossível para mim.
Quero sem a mesma pressa, sem a mesma expectativa, o tal "ano bom". Mais ainda, a temporada de bonança (uns três anos) que nem precisa ser espetacular. E não só para mim. Dizem que no ano da Cabra pode ser que isso aconteça.
Aguardo.
Aguardemos.



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