No último domingo...
Comédias românticas pós-Balzac
Após ser beijada, o que acontece com Josie Geller? O casamento de Matt e Jenna é feliz? Janine, após a separação, está namorando? Os personagens citados de comédias românticas de Hollywood – “Nunca Fui Beijada”, “De repente 30” e “Ele não Está Tão A Fim de Você” – estiveram comigo na casa dos vinte e dos trinta.
Uma vez alcançada a marca dos trinta e tantos, passei a não identificar meus dilemas amorosos com o que via na telona de modo tão recorrente. Eu tinha essa curiosidade de saber o que vinha depois, o ponto exato de quem já sentiu o frio na barriga, namorou, usou um vestido de noiva bordado com corações e, um belo dia, desfez a casa, disse adeus, voltando a marcar a opção “solteira” nos formulários de hotéis.
Em qual trama eu estaria? O cinema sempre ajudou a entender a minha própria vida – e sim, faço terapia para ir a fundo, que isso não seja uma preocupação – e sentia que ele congelou na casa dos “vinte-trinta”. Os pré-quarentões, quarentões e cinquentões estariam por onde nas tramas?
O que me faltava, admito, era um pouquinho de pesquisa, pois não desisti da comédia romântica – me desculpe, caro leitor, se você não gosta de doses generosas de açúcar, mas a vida dá muito limão tanto quanto o excesso de caipirinha causa ressaca no dia seguinte – e comecei a prestar mais atenção em filmes franceses, especialmente que não focassem na turma recém-formada da faculdade, cheia de ilusões e com nenhuma ruguinha no rosto.
O que era doce deixou de ser melado. Não se perde, porém, a ternura. Como sabiamente poetizou Drummond, “o primeiro amor passou, o segundo amor passou, o terceiro amor passou, mas o coração continua”. Vieram sessões solitárias com pipocas e lencinhos de papel para ver “Românticos Anônimos” e “Paris- Manhattan”, ambos franceses. De maneiras muito distintas, mostram que é preciso vencer resistências (apaixonar-se novamente ou simplesmente apaixonar-se) e aceitar o outro com uma bagagem que inclui até mesmo pequenas obsessões e loucurinhas.
Eis que nessa semana entrou em cartaz no cinema o ótimo “A Sorte em Suas Mãos”, do argentino Daniel Burman (“O Abraço Partido”), estrelado pelo cantor uruguaio Jorge Drexler. Separado, com dois filhos, Uriel (Drexler) reencontra uma antiga ficante dos tempos de faculdade, Gloria (Valeria Bertuccelli). O termo ficante aqui é apropriado, pois o fato de ele nunca ter pegado a mão dela ou ligado no dia seguinte ajudou o desencontro do passado (as mulheres gostam disso em qualquer idade, e em qualquer cultura).
O fundamental no longa, vale ressaltar, é a relação que ambos querem construir, apesar de tantas complicações. Dessas que a gente vai criando e desatando, relação após relação, com intervalos de desilusão intercalados com aquele otimismo romântico incorrigível. Por isso, no fim, o que queremos é que tudo fique leve, com sorriso e beijo na boca no final, assim como acontece no cinema.
Após ser beijada, o que acontece com Josie Geller? O casamento de Matt e Jenna é feliz? Janine, após a separação, está namorando? Os personagens citados de comédias românticas de Hollywood – “Nunca Fui Beijada”, “De repente 30” e “Ele não Está Tão A Fim de Você” – estiveram comigo na casa dos vinte e dos trinta.
Uma vez alcançada a marca dos trinta e tantos, passei a não identificar meus dilemas amorosos com o que via na telona de modo tão recorrente. Eu tinha essa curiosidade de saber o que vinha depois, o ponto exato de quem já sentiu o frio na barriga, namorou, usou um vestido de noiva bordado com corações e, um belo dia, desfez a casa, disse adeus, voltando a marcar a opção “solteira” nos formulários de hotéis.
Em qual trama eu estaria? O cinema sempre ajudou a entender a minha própria vida – e sim, faço terapia para ir a fundo, que isso não seja uma preocupação – e sentia que ele congelou na casa dos “vinte-trinta”. Os pré-quarentões, quarentões e cinquentões estariam por onde nas tramas?
O que me faltava, admito, era um pouquinho de pesquisa, pois não desisti da comédia romântica – me desculpe, caro leitor, se você não gosta de doses generosas de açúcar, mas a vida dá muito limão tanto quanto o excesso de caipirinha causa ressaca no dia seguinte – e comecei a prestar mais atenção em filmes franceses, especialmente que não focassem na turma recém-formada da faculdade, cheia de ilusões e com nenhuma ruguinha no rosto.
O que era doce deixou de ser melado. Não se perde, porém, a ternura. Como sabiamente poetizou Drummond, “o primeiro amor passou, o segundo amor passou, o terceiro amor passou, mas o coração continua”. Vieram sessões solitárias com pipocas e lencinhos de papel para ver “Românticos Anônimos” e “Paris- Manhattan”, ambos franceses. De maneiras muito distintas, mostram que é preciso vencer resistências (apaixonar-se novamente ou simplesmente apaixonar-se) e aceitar o outro com uma bagagem que inclui até mesmo pequenas obsessões e loucurinhas.
Eis que nessa semana entrou em cartaz no cinema o ótimo “A Sorte em Suas Mãos”, do argentino Daniel Burman (“O Abraço Partido”), estrelado pelo cantor uruguaio Jorge Drexler. Separado, com dois filhos, Uriel (Drexler) reencontra uma antiga ficante dos tempos de faculdade, Gloria (Valeria Bertuccelli). O termo ficante aqui é apropriado, pois o fato de ele nunca ter pegado a mão dela ou ligado no dia seguinte ajudou o desencontro do passado (as mulheres gostam disso em qualquer idade, e em qualquer cultura).
O fundamental no longa, vale ressaltar, é a relação que ambos querem construir, apesar de tantas complicações. Dessas que a gente vai criando e desatando, relação após relação, com intervalos de desilusão intercalados com aquele otimismo romântico incorrigível. Por isso, no fim, o que queremos é que tudo fique leve, com sorriso e beijo na boca no final, assim como acontece no cinema.
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