Na fotografia estamos felizes
Antes as lembranças que transcendiam a memória ficavam restritas a caixas. Na caixa de fotografia, eu apareço bebê no colo da minha mãe, filando sorrateiramente uma cerveja quando ainda era criança, chorando na minha própria festa de aniversário. Tenho fotos com quem se foi: meus avós, meu pai, meus tios e minha grande amiga. Tenho fotos com quem está aqui, mas não mais em minha vida. Eu acesso esse arquivo eventualmente. Do mesmo modo, as caixas de cartas. Divido-as em duas. Numa delas jazem os ex-amores, seus poemas, bilhetinhos, cartões postais, e até e-mails impressos. Ela é a caixa-preta raramente vasculhada, pois histórias findas, mesmo que um dia lindas, me entristecem.
Hoje, enquanto eu respondia um comentário sobre uma postagem de três anos atrás, fiquei intrigada. Minhas lembranças não são mais preservadas nas memórias e em caixas apenas. Posso tentar viver analogicamente, apagar esses históricos? Talvez não. Até pouquíssimo tempo, eu não tinha noção de quem me visitava por aqui. Então, desenvolveram ferramentas que me mostram visualizações até do leste europeu. Diariamente, alguém vasculha essa caixa de Pandora que atende por Ludj. Vou publicando e me esquecendo. No entanto, fico sabendo que leram sobre aquela solidão que eu senti num domingo à tarde de 2006, quando morava em São Paulo. Nessa semana, acessaram o álbum do meu casamento que já acabou. São populares os textos que remetem às poucas vezes em que achei que iria me apaixonar. A palavra "amor" é dos tópicos mais espiados neste blog. Sinto-me imbuída a mencioná-la, ainda que ficcionalmente.
Vou percebendo outras caixas abertas e criadas pela era digital. São intervenções no meu mural do Facebook, por exemplo: desde o carinho da amiga, que não vejo desde a faculdade, em forma de uma foto do antigo colégio à incômoda curtida, mensagem inbox e afins de um cara que apenas vagueia virtualmente em minha vida, após um breve histórico de três encontros, seguido do desaparecimento dele do meu mundo real. E sim, sou do time da Lia Bock ("Não me quer? Acha que eu estou indo rápido demais? Que não é o momento? Então não fica curtindo minhas fotos no Instagram! Não fica retuitando o que eu digo nem me mandando carinha sorridente no gtalk! Se não tá a fim de levar o pacote todo pra casa, me deixa esquecer, por favor! Esquecer que você existe, esquecer que você não me quis e, pior, que ficou sem graça por isso"). Acho que certas pessoas simplesmente devem ser coerentes com suas escolhas. Tenho a elegância de não blindar o que publico com bloqueios de qualquer tipo, porém deixo de ler feeds, pois nos tempos analógicos, quando uma tentativa de romance não ia para frente, os fantasmas se divertiam em outras bandas... Eu realmente sigo o refrão: "o que passou, passou daqui pra melhor. Foi. Só quero saber do que pode dar certo".
Se eu deixar de lado as fotos instantâneas, o check-in do Foursquare, parar de escrever aqui, ali, acolá, quantas caixas me restarão? Isso é só uma questão.
Hoje, enquanto eu respondia um comentário sobre uma postagem de três anos atrás, fiquei intrigada. Minhas lembranças não são mais preservadas nas memórias e em caixas apenas. Posso tentar viver analogicamente, apagar esses históricos? Talvez não. Até pouquíssimo tempo, eu não tinha noção de quem me visitava por aqui. Então, desenvolveram ferramentas que me mostram visualizações até do leste europeu. Diariamente, alguém vasculha essa caixa de Pandora que atende por Ludj. Vou publicando e me esquecendo. No entanto, fico sabendo que leram sobre aquela solidão que eu senti num domingo à tarde de 2006, quando morava em São Paulo. Nessa semana, acessaram o álbum do meu casamento que já acabou. São populares os textos que remetem às poucas vezes em que achei que iria me apaixonar. A palavra "amor" é dos tópicos mais espiados neste blog. Sinto-me imbuída a mencioná-la, ainda que ficcionalmente.
Vou percebendo outras caixas abertas e criadas pela era digital. São intervenções no meu mural do Facebook, por exemplo: desde o carinho da amiga, que não vejo desde a faculdade, em forma de uma foto do antigo colégio à incômoda curtida, mensagem inbox e afins de um cara que apenas vagueia virtualmente em minha vida, após um breve histórico de três encontros, seguido do desaparecimento dele do meu mundo real. E sim, sou do time da Lia Bock ("Não me quer? Acha que eu estou indo rápido demais? Que não é o momento? Então não fica curtindo minhas fotos no Instagram! Não fica retuitando o que eu digo nem me mandando carinha sorridente no gtalk! Se não tá a fim de levar o pacote todo pra casa, me deixa esquecer, por favor! Esquecer que você existe, esquecer que você não me quis e, pior, que ficou sem graça por isso"). Acho que certas pessoas simplesmente devem ser coerentes com suas escolhas. Tenho a elegância de não blindar o que publico com bloqueios de qualquer tipo, porém deixo de ler feeds, pois nos tempos analógicos, quando uma tentativa de romance não ia para frente, os fantasmas se divertiam em outras bandas... Eu realmente sigo o refrão: "o que passou, passou daqui pra melhor. Foi. Só quero saber do que pode dar certo".
Se eu deixar de lado as fotos instantâneas, o check-in do Foursquare, parar de escrever aqui, ali, acolá, quantas caixas me restarão? Isso é só uma questão.
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