Everything in its right place
Faz muito tempo. Eu tinha onze anos. Meu sonho era morar sozinha. Pré-adolescente bocó, eu me sentia fora do lugar. Queria ir para a escola de ônibus, mas tinha que ir junto com minha irmã no especial, em minha concepção, lotado de "pirralhos". Enfim, eu já era meio chatinha. Melhorei em certos aspectos, piorei em outros e me mantive fiel à convicções traçadas na maternidade.
Demorou para eu morar sozinha. Vinte e oito anos ouvindo "não sou sócia da Cemig" (porém eu entendo nesse momento o desespero da conta alta). Daí vieram dois roomates, um casamento, novamente casa da minha mãe após a separação, mais uma roomate, outra volta e...voilá! "A casa é sua/ Por que não chega agora?/ Até o teto tá de ponta-cabeça/ Porque você demora?"
Na verdade...Adoro a música, deixaria esse alguém chegar nesse minuto. Ficar, habitar é outra coisa. Devo admitir: acho que não sei mais dividir meu espaço, minhas manias, minhas loucuras a não ser com Alice, minha gata. Não é egoísmo, é auto-preservação.
Está tudo no lugar certo, mesmo que em dias pré-Cida de quase caos. Nesse lugar estou como quero, com minha pilha de livros na cabeceira. Minha garrafa de vinho aberta em plena quarta, meu CD do Radiohead tocando inúmeras vezes, meu buquê de flores comprado às sextas. Eu vejo o mesmo seriado (e choro), o mesmo filme (e choro) sem passar por canais de esporte. Acordo e limito-me a uma salada de frutas ou troco o jantar por uma cervejinha com tira-gosto.
É muito antagonismo para ser aceito como algo encantador. Ainda assim, decidi que minha liberdade foi conquistada com muito esforço, o que implica em nem sempre ceder ou agradar, em ter o direito de ir e vir sem ser questionada. O pacote também inclui generosidade e discrição. Perguntas como: "quanto você gastou nesse creme anti-sinais?" ou "para que flor de sal, se existe sal?" são irrelevantes. Fred Astaire, por exemplo, não as faria. Melhor dançar comigo.
Demorou para eu morar sozinha. Vinte e oito anos ouvindo "não sou sócia da Cemig" (porém eu entendo nesse momento o desespero da conta alta). Daí vieram dois roomates, um casamento, novamente casa da minha mãe após a separação, mais uma roomate, outra volta e...voilá! "A casa é sua/ Por que não chega agora?/ Até o teto tá de ponta-cabeça/ Porque você demora?"
Na verdade...Adoro a música, deixaria esse alguém chegar nesse minuto. Ficar, habitar é outra coisa. Devo admitir: acho que não sei mais dividir meu espaço, minhas manias, minhas loucuras a não ser com Alice, minha gata. Não é egoísmo, é auto-preservação.
Está tudo no lugar certo, mesmo que em dias pré-Cida de quase caos. Nesse lugar estou como quero, com minha pilha de livros na cabeceira. Minha garrafa de vinho aberta em plena quarta, meu CD do Radiohead tocando inúmeras vezes, meu buquê de flores comprado às sextas. Eu vejo o mesmo seriado (e choro), o mesmo filme (e choro) sem passar por canais de esporte. Acordo e limito-me a uma salada de frutas ou troco o jantar por uma cervejinha com tira-gosto.
É muito antagonismo para ser aceito como algo encantador. Ainda assim, decidi que minha liberdade foi conquistada com muito esforço, o que implica em nem sempre ceder ou agradar, em ter o direito de ir e vir sem ser questionada. O pacote também inclui generosidade e discrição. Perguntas como: "quanto você gastou nesse creme anti-sinais?" ou "para que flor de sal, se existe sal?" são irrelevantes. Fred Astaire, por exemplo, não as faria. Melhor dançar comigo.
Ei, Lud!
ResponderExcluirAmei! Me vi aí, em dois casamentos desfeitos, uma volta pra casa da mãe e agora minha casa com dois filhos, o que já está de bom tamanho. Podiam ser menos bagunceiros e admito que tb não sou sócia da Cemig. E seguimos felizes sem muitas cobranças.
Beijo para ti.
Dora
Obrigada Dora! Adoro sua visita! Beijos
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