Deixa o dia raiar que hoje eu sou bem do jeito que você quiser...
Sou uma foliã desajeitada. Não sei sambar e, depois de algumas horinhas, a duracel que existe em mim descarrega. Diferentemente de quando estou em inferninhos ouvindo rock, mas é carnaval...mesmo em esquema de plantão, não serei eu a nota dissonante.
Quando eu era criança, ia em festinhas de clube. Lembro-me de duas fantasias: a de havaiana e a de Mulher Maravilha, essa, aliás, eu usava fora do feriado momesco. Bem, digamos que era meu dirfarce debaixo do uniforme da escola.
Cresci e Belo Horizonte virou o túmulo de tudo. Carnaval era para ir ao cinema, dormir e ler. Eu achava ótimo de qualquer maneira. Até que nos últimos anos, blocos surgiram para mostrar que para gostar de um, você não precisa desprezar o outro. Eu sigo na sala escura e atrás da batucada.
Quem me ensinou a gostar de carnaval? Minha irmã Uiara. Ela não chegou a ir em bailes de clubes, mas seus olhinhos ficavam vidrados na TV quando a Mangueira entrava na avenida. Até hoje é assim. A Estação Primeira era para ela o encantamento que as sessões de domingo no Pathé eram para mim.
Somos rios que desembocam no mesmo mar, de qualquer modo. Que ninguém pense que Uiara não tenha um ótimo gosto para filmes ou que eu não me emocione vendo aquele mar de gente fantasiada se abrançando como se não houvesse a tal quarta de cinzas.
Por indicação da irmãzinha, passei das tardes mais divertidas, travestida de francesa que só sabe falar "merci", "croissant", "voilá", "adieu", "pardon"...Há um band-aid no meu calcanhar, pois obviamente quis fazer bonito, lavar a alma e brincar de música do Chico.
Por essas coisas que só acontecem no Carnaval, vi passar um moço que não via há pelo menos dez anos. Nosso último encontro foi num show super indie. Eu era super indie, ele idem. E ficamos horas falando sobre bandas que ninguém conhecia e nós amávamos. E não me esqueço que ele pediu para eu ficar. Fui com o coração apertadinho, pois amigos hospedados na minha casa estavam caindo de sono. Tempos depois, ele partiu de mala e cuia para outro país e nunca mais nos esbarramos.
No meio do bloco, no meio da euforia, ele passou por mim. Não me viu. Não tive ímpeto de ir atrás. Retomar uma conversa que ficou dez anos num lugar tão especial não seria boa ideia. Melhor que os dois pensassem no outro extamente como eram uma década atrás. Mas quem diria o moço indie cantando "mamãe eu quero"? Quem diria eu?
Tudo culpa da Uiara (a autora da foto)
Quando eu era criança, ia em festinhas de clube. Lembro-me de duas fantasias: a de havaiana e a de Mulher Maravilha, essa, aliás, eu usava fora do feriado momesco. Bem, digamos que era meu dirfarce debaixo do uniforme da escola.
Cresci e Belo Horizonte virou o túmulo de tudo. Carnaval era para ir ao cinema, dormir e ler. Eu achava ótimo de qualquer maneira. Até que nos últimos anos, blocos surgiram para mostrar que para gostar de um, você não precisa desprezar o outro. Eu sigo na sala escura e atrás da batucada.
Quem me ensinou a gostar de carnaval? Minha irmã Uiara. Ela não chegou a ir em bailes de clubes, mas seus olhinhos ficavam vidrados na TV quando a Mangueira entrava na avenida. Até hoje é assim. A Estação Primeira era para ela o encantamento que as sessões de domingo no Pathé eram para mim.
Somos rios que desembocam no mesmo mar, de qualquer modo. Que ninguém pense que Uiara não tenha um ótimo gosto para filmes ou que eu não me emocione vendo aquele mar de gente fantasiada se abrançando como se não houvesse a tal quarta de cinzas.
Por indicação da irmãzinha, passei das tardes mais divertidas, travestida de francesa que só sabe falar "merci", "croissant", "voilá", "adieu", "pardon"...Há um band-aid no meu calcanhar, pois obviamente quis fazer bonito, lavar a alma e brincar de música do Chico.
Por essas coisas que só acontecem no Carnaval, vi passar um moço que não via há pelo menos dez anos. Nosso último encontro foi num show super indie. Eu era super indie, ele idem. E ficamos horas falando sobre bandas que ninguém conhecia e nós amávamos. E não me esqueço que ele pediu para eu ficar. Fui com o coração apertadinho, pois amigos hospedados na minha casa estavam caindo de sono. Tempos depois, ele partiu de mala e cuia para outro país e nunca mais nos esbarramos.
No meio do bloco, no meio da euforia, ele passou por mim. Não me viu. Não tive ímpeto de ir atrás. Retomar uma conversa que ficou dez anos num lugar tão especial não seria boa ideia. Melhor que os dois pensassem no outro extamente como eram uma década atrás. Mas quem diria o moço indie cantando "mamãe eu quero"? Quem diria eu?
Tudo culpa da Uiara (a autora da foto)
O texto está lindo, assim como foi o bloco ontem com ao seu lado Lud. :)
ResponderExcluirVini querido, obrigada! Que a gente se encontre sempre nos blocos, brindes e alegrias! Beijão!
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