Give me a reason to be a woman
Vou dar um tempinho aqui nas minhas reflexões e no meu sabático coração para falar um pouquinho do mundo real. Esse que estampa as notícias dos jornais, dos sites e ganha compartilhamentos no Facebook. Sei que não é de hoje (que infelizmente se arrasta por décadas e é envolta em silêncio, medo e vergonha) a violência contra a mulher.
Ao ver a menina com a testa cortada em São Paulo, a que teve o braço quebrado em Natal, a que foi molestada em Belo Horizonte não consigo não ficar assustada, temendo por mim mesma, por minha irmã e por minhas amigas. Isso não vai acabar nunca? Que tipo de pais e limites esses sujeitos tiveram na vida?
Porque os "motivos" dos agressores passam por cachaça, ciúme, rejeição e provocação. Nesse último, o fato único e singular da nossa existência é o detonador da raiva. Tempos atrás, eu estava numa boate com amigas. Já cansada e um pouco alta, me sentei no sofá com uma garrafinha de água esperando que elas dançassem a última música para irmos embora. Derepente, um copo de vidro voou em minha direção. E foi tudo muito rápido. Uma delas foi agredida. Eu corri para ajudar; fui atingida no rosto.
Tive a sorte de ter testemunhas abismadas com aquilo, dos funcionários do local terem se mobilizado ao pegar RG do covarde, que fugiu correndo. Foi o que pensei. Mas para o meu azar, naquele dia, saí de casa perfumada, arrumada, de vestido. Pois como qualquer cidadã, não hesitei em prestar queixa numa delegacia onde o policial me olhou de cima a baixo e disse: "além de não adiantar nada, não vamos oferecer nenhuma proteção a vocês".
Aquilo foi mais injusto que receber menos que os homens para exercer as mesmas funções no trabalho, do que sangrar uma vez por mês, do que ouvir o jocoso "tinha que ser mulher" de alguma maneira. Aquilo me embrulhou o estômago, me deixou impotente, me tirou temporariamente a esperança e a vontade de sair à noite por um bom tempo.
Ouvi recentemente que deveria ter denunciado aquele policial, que era abuso de poder. Eu, como uma pessoa esclarecida e educada em valores que prezam a igualdade de todos os seres humanos, seus gêneros, cores, religiões e preferências sexuais, deveria ter feito algo mais. Me arrependo e não me arrependo. E se a atitude me expusesse a uma violência maior? E se afetasse, de algum modo, aqueles que eu amo? Eu leio os jornais, os sites, as redes sociais. Não é paranóia.
Eu me sinto violentada diante da violência. Sou do tipo que desvia o olhar de um acidente no trânsito com vítimas ensaguentadas, que não quer saber da reconstituição do assassinato de uma criança de cinco anos ou dos detalhes sórdidos sobre filhos que agridem pais idosos.
Talvez e nem só por isso é que aqui no blog, no meu sábatico coração e na minha vida eu tento ser algém melhor. Porque o caminho deve ser de flores, generosidade e gentileza.
Ao ver a menina com a testa cortada em São Paulo, a que teve o braço quebrado em Natal, a que foi molestada em Belo Horizonte não consigo não ficar assustada, temendo por mim mesma, por minha irmã e por minhas amigas. Isso não vai acabar nunca? Que tipo de pais e limites esses sujeitos tiveram na vida?
Porque os "motivos" dos agressores passam por cachaça, ciúme, rejeição e provocação. Nesse último, o fato único e singular da nossa existência é o detonador da raiva. Tempos atrás, eu estava numa boate com amigas. Já cansada e um pouco alta, me sentei no sofá com uma garrafinha de água esperando que elas dançassem a última música para irmos embora. Derepente, um copo de vidro voou em minha direção. E foi tudo muito rápido. Uma delas foi agredida. Eu corri para ajudar; fui atingida no rosto.
Tive a sorte de ter testemunhas abismadas com aquilo, dos funcionários do local terem se mobilizado ao pegar RG do covarde, que fugiu correndo. Foi o que pensei. Mas para o meu azar, naquele dia, saí de casa perfumada, arrumada, de vestido. Pois como qualquer cidadã, não hesitei em prestar queixa numa delegacia onde o policial me olhou de cima a baixo e disse: "além de não adiantar nada, não vamos oferecer nenhuma proteção a vocês".
Aquilo foi mais injusto que receber menos que os homens para exercer as mesmas funções no trabalho, do que sangrar uma vez por mês, do que ouvir o jocoso "tinha que ser mulher" de alguma maneira. Aquilo me embrulhou o estômago, me deixou impotente, me tirou temporariamente a esperança e a vontade de sair à noite por um bom tempo.
Ouvi recentemente que deveria ter denunciado aquele policial, que era abuso de poder. Eu, como uma pessoa esclarecida e educada em valores que prezam a igualdade de todos os seres humanos, seus gêneros, cores, religiões e preferências sexuais, deveria ter feito algo mais. Me arrependo e não me arrependo. E se a atitude me expusesse a uma violência maior? E se afetasse, de algum modo, aqueles que eu amo? Eu leio os jornais, os sites, as redes sociais. Não é paranóia.
Eu me sinto violentada diante da violência. Sou do tipo que desvia o olhar de um acidente no trânsito com vítimas ensaguentadas, que não quer saber da reconstituição do assassinato de uma criança de cinco anos ou dos detalhes sórdidos sobre filhos que agridem pais idosos.
Talvez e nem só por isso é que aqui no blog, no meu sábatico coração e na minha vida eu tento ser algém melhor. Porque o caminho deve ser de flores, generosidade e gentileza.
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