A poesia que me persegue

Quando estava aprendendo a ler, Cecília Meireles chegou em minhas mãos. Logo virou das minhas poetas favoritas. "Ou isto ou aquilo" me intrigava porque eu queria usar a luva com o anel...comprar o doce, mas ter dinheiro...sair correndo tranquilamente.

Eu não tenho tanta dificuldade em escolher, embora às vezes lamente o que deixei para trás.

Algo também como aquela música da Zélia Duncan: "Tento fazer desse lugar o meu lugar. Ao menos por enquanto. Enquanto isso durar".

Não sei se tento ou se estou me forçando, para dizer a verdade.

O sem-lugar é aonde estou. E não falo de teto. Antes fosse só isto. Ou aquilo.


Ou isto ou aquilo


Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!


Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!


Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.


É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!


Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.


Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
e vivo escolhendo o dia inteiro!


Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.


Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

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