Mudando o perfil
Outro dia quis saber onde - e se - guardei meu velho caderno de "perguntas e respostas". Era um clássico entre as meninas da minha época e tinha duas finalidades: registrar o grude entre as amigas de adolescência e saber se havia alguma chance com aquele menino tímido do lado oposto da sala.
As perguntas tinham todo um conjunto de intenções bem delineado, embora soassem idiotas. Passavam por "qual sua cor favorita?", "Seu estilo musical predileto?", "Para que time de futebol você torce?" e chegavam a "Está namorando?", "O que você diria para/sobre mim?".
Entre nós, garotas, valia a mensagem fofa. Bem clichê e breguinha, diga-se. Eram recadinhos do tipo: "seja pouco, mas seja você. E se esse pouco for pouco para alguém, esse alguém é pouco para você".
Eu passei o tal caderno para os quase 40 alunos da classe responderem. E o último foi o tal mocinho, que só não desconfiava porque...bem, porque alguns caras são assim: os últimos a saber. Mas fazia parte do jogo e, àquela altura da vida, eu costumava fingir não estar nem aí por aquele que me fazia roubar gotinhas de perfumes da mamãe para ir à escola.
Ele gostava de azul, preferia rock e, infelizmente, torcia para o atlético. Não tinha namorada, no entanto me achava apenas legal. Li tantas vezes aquelas respostas lacônicas. Foi a última vez que me apaixonei por um cara da mesma turma. Eu estava na sexta série.
Não cheguei a ficar sem esperanças, pois não havia uma namorada e alguém legal poderia virar alguém especial. Sim, eu já assistia às terríveis comédias românticas e ficava com aquele pulguinha: "por que não o rapaz da vida real não iria preferir a Watts à Amanda Jones?".
Porque eu deveria tomar meu primeiro fora. E foi numa festa, quando ele me chamou para conversar num canto. Na verdade, ele queria fazer um pedido duplo. O primeiro, me pedir uma simples carona, e o segundo, que eu o ajudasse com uma das meninas mais bonitas da escola. Disse sim ao primeiro e não ao segundo. "Mal a conheço", disse. "Vocês fazem aula de educação física juntas", retrucou. Minha tréplica foi verdadeira. Jogávamos em times rivais no volei.
Sem o meu apoio e com toda aquela timidez, ele conseguiu mesmo assim.
E, estranhamente, a lembrança daquele garoto se despedaçou na sétima e na oitava série, quando ainda estudamos juntos.
Foi o que hoje seria um perfil amigo que oculto no Facebook (algo que faço por diversas razões).
Até hoje acho que caderno de "perguntas e respostas" era bem mais direto. Ainda que às vezes impreciso.
Mais fácil que tentar interpretrar os murais e, principalmente, as informações não reveladas.
As perguntas tinham todo um conjunto de intenções bem delineado, embora soassem idiotas. Passavam por "qual sua cor favorita?", "Seu estilo musical predileto?", "Para que time de futebol você torce?" e chegavam a "Está namorando?", "O que você diria para/sobre mim?".
Entre nós, garotas, valia a mensagem fofa. Bem clichê e breguinha, diga-se. Eram recadinhos do tipo: "seja pouco, mas seja você. E se esse pouco for pouco para alguém, esse alguém é pouco para você".
Eu passei o tal caderno para os quase 40 alunos da classe responderem. E o último foi o tal mocinho, que só não desconfiava porque...bem, porque alguns caras são assim: os últimos a saber. Mas fazia parte do jogo e, àquela altura da vida, eu costumava fingir não estar nem aí por aquele que me fazia roubar gotinhas de perfumes da mamãe para ir à escola.
Ele gostava de azul, preferia rock e, infelizmente, torcia para o atlético. Não tinha namorada, no entanto me achava apenas legal. Li tantas vezes aquelas respostas lacônicas. Foi a última vez que me apaixonei por um cara da mesma turma. Eu estava na sexta série.
Não cheguei a ficar sem esperanças, pois não havia uma namorada e alguém legal poderia virar alguém especial. Sim, eu já assistia às terríveis comédias românticas e ficava com aquele pulguinha: "por que não o rapaz da vida real não iria preferir a Watts à Amanda Jones?".
Porque eu deveria tomar meu primeiro fora. E foi numa festa, quando ele me chamou para conversar num canto. Na verdade, ele queria fazer um pedido duplo. O primeiro, me pedir uma simples carona, e o segundo, que eu o ajudasse com uma das meninas mais bonitas da escola. Disse sim ao primeiro e não ao segundo. "Mal a conheço", disse. "Vocês fazem aula de educação física juntas", retrucou. Minha tréplica foi verdadeira. Jogávamos em times rivais no volei.
Sem o meu apoio e com toda aquela timidez, ele conseguiu mesmo assim.
E, estranhamente, a lembrança daquele garoto se despedaçou na sétima e na oitava série, quando ainda estudamos juntos.
Foi o que hoje seria um perfil amigo que oculto no Facebook (algo que faço por diversas razões).
Até hoje acho que caderno de "perguntas e respostas" era bem mais direto. Ainda que às vezes impreciso.
Mais fácil que tentar interpretrar os murais e, principalmente, as informações não reveladas.
preciso achar meu caderno de perguntas e respostas! também gostava dos tímidos. amei esse post.
ResponderExcluirAmore, obrigada pela visita! Amo seus posts também! Beijos
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