2007 só começa para mim no dia 05 de abril

Muita gente não acredita que eu não gosto de Réveillon. Como é possível não se render ao figurino branco total, não fazer contagem regressiva em voz alta, não cumprir rituais estranhos e não abraçar os populares nas primeiras horas do ano novo? Não, eu não gosto de nada disso. Desde criança. A primeira lição que o Réveillon me deu na vida foi a frase "cada um por si".

Se Natal era aquele esquema parentada e troca de presentes, o dia 31 de dezembro representava a euforia dos que queriam ficar longe, muito longe de "papai, mamãe, titia". De preferência fazendo algo nada família. Até aí, eu respeito e concordo. Nada mais chato do que obrigação, embora eu pelo menos passe Natal com pessoas que amo. Não necessariamente do mesmo sangue. Mas se a gente pensar bem Réveillon é uma obrigação travestida de carnaval.

Na virada você tem que estar no lugar mais badalado e acredita que a meia-noite é decisiva para o resto dos seus 365 dias. Vira obrigação tomar porre e cantar "ai ai ai, está chegando a hora". Dá-lhe ai: Ai de quem não beijar, de quem não pular, de quem não se engasgar com uvas verdes nas doze badaladas. A madrugada se abre com um sambão no pé e todos os palhaços do salão querendo virar seus melhores amigos, com seus abraços molhados (para quem passa no Brasil cada dia mais quente) e hipócritas. Afinal, é ano novo e você tem a obrigação de socializar-se, de abrir. Sorria, amanhã vai ser outro dia.

Dia 01 de janeiro tudo está fechado. Parece que o mundo acabou em espumante de quinta e você com o estoque de sonrisal e engov. Porém, para quê o desânimo? Dia 06 temos os Santos Reis. Comer romã para atrair dinheiro. Trabalho? Ah, não o carnaval é mês que vem. Depois se pensa nisso.

Mas antes que minha imagem de ranzinza se forme por completo, se eu for listar minhas viradas incríveis coloco a do Rio de Janeiro com a Marianinha no topo da minha lista. Na saída de Belo Horizonte pegamos uma chuva horrível. No entanto, quando avistamos o Cristo Redentor de braços abertos sob a Guanabara, o tempo virou. Foi excelente porque foi espontâneo. Jantamos, fomos para a praia, pulamos ondas e dançamos até o sol raiar.

Outro Réveillon ótimo eu passei com meus avós. Vimos a corrida de São Silvestre (na época era a noite), comemos uma pizza e dormimos antes da queima de fogos. Foi bom não ter que colocar uma roupa cuja cor não me agrada. Melhor ainda ter mais um momento ao lado dos dois para lembrar.

Nesse meu último passei em casa com o Alexandre, que viajou mais de 600 quilômetros para ficar comigo. Uma semana antes da virada, nem sabíamos se tal possibilidade iria rolar. Sem aquela ansiedade ou insanidade a nossa volta, o Réveillon poderia parecer um dia como outro qualquer e até perder sua "mágica" diante do nosso jantar prosaico. Foi especial porque foi com o meu bonitinho. Sinceramente, eu prefiro assim.

2006 foi um ano bacana para mim. Tem sido, já que ele só termina no meu aniversário. Aprendi muito, mesmo e principalmente distante da minha cidade, da minha família, do meu amor e dos meus amigos. Conquistei o que não teria conquistado se estivesse naquela inércia profissional, à espera de um milagre (desses que vem com muita mandinga).

Eu não sei se vou continuar aonde estou em 2007. O único compromisso sagrado até o momento será em março: férias. Enfim, depois de sete anos. 30 dias úteis para viajar, namorar, dormir, ler e saborear a vida sem hora marcada...

Comentários

  1. Anônimo9:17 PM

    Oi Lud. Se você não dá a mínima para o Réveillon então somos dois. Assino em baixo do que escreveu. O pior é aguentar a cara de espanto e até de reprovação que fazem quando falo isso...

    Se 2006 está sendo bom para você que 2007 seja muito melhor. Vou torcer por isso. Um beijo!

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  2. Anônimo9:12 PM

    ele mão é seu ele é meu!

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  3. Anônimo9:15 PM

    quero dizer
    ele não é seu, ele é MEU
    até que se prove o contrário!

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