O dia em que encontrei David Bowie

Quando veio a notícia da morte, não consegui escrever nada. Estava profundamente triste, mas a verdade é que eu já me encontrei com David Bowie. Era uma tarde fria em Tóquio. Eu estava olhando a vitrine de uma loja, quando notei o reflexo dele no vidro, vestido com um sobretudo bege e um terno bem cortado por baixo. Não consegui me segurar: "David Bowie!". Ele sorriu e respondeu: "sim". Repeti algumas vezes algo como "inacreditável". Ele falou que não era inacreditável, que adorava passear por Tóquio, que a cidade o inspirava. Eu, atônita, perguntei por que ele estava me respondendo em português. Ele sorriu, mais uma vez, e disse: "porque eu sou David Bowie, não há nada que eu não consiga". Então, ele me perguntou se eu queria tomar um café. Aquilo durou minutos ou horas? Não sei. Acordei me sentindo a melhor pessoa do mundo. Quem não queria bater um papo displicente com o David Bowie numa tarde qualquer em Tóquio? Então ontem veio o pesadelo. Eu só consegui me lembrar do sonho.


Comentários

  1. Imagino que ele também, no flashback de sua vida, na iminência da morte, tenha se lembrado de sonho (ou devaneio lisérgico) que tivera de uma tarde despojada em Tokio com uma fã cosmopolita, morena dos cabelos encaracolados :)

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