Ironia do Destino
Eu tenho a mania de pensar sobre clichês, frases feitas e afins. No intuito de entendê-los e descontruí-los. "Ironia do Destino" é um deles. Como fosse ele o remetente, ela a carta e eu quem recebe.
Quando penso na postagem, os Correios não estão em greve, o endereço é preenchido corretamente. Nesse dia, eu saio mais tarde de casa (ou atrasada, para dar mais dramaticidade ao fato) e, como nunca acontece, encontro o carteiro para assinar o protocolo.
Abro o envelope e o texto tem uma saudação extremamente formal, algo como "Ilustríssima Senhora Ludmila Azevedo Dias".
Ele, o Destino, é muito frequente. Pode me avisar que por mais que eu prefira dias frios, os de calor e de chuva serão mais extensos, justamente por eu viver nesse país tropical, por não ter como fazer as malas imediamente. No discurso, o remetente faz questão de me lembrar o conjuntos de porquês que atravancam o meu caminho.
Sarcástico e cruel em ocasiões específicas, o Destino troca assinaturas como "atenciosamente" por "eu te avisei".
Nunca respondi a essas correspondências, são como avisos da conta de luz não paga. Aperto de cá, me viro dali e acerto. Não dou explicações, elas não são necessárias.
Certa vez, depois de beber sozinha uma garrafa de vinho, decidi que iria redigir, nada ficaria subentendido. De quebra, diria umas verdades para esse grandessíssimo filho da puta. Achei, aliás, uma boa ideia começar assim.
Acordei em cima do papel amassado, com uma dor de cabeça monumental. Eu tinha uma reunião de trabalho que durou horas, enquanto as pessoas ao redor da mesa falavam, me esforçava para lembrar de tudo que quis escrever, mas a mente apagou cada palavra.
Também passei um período sem abrir as cartas, que se amontoavam entre as demais.
Rasguei sem ler, joguei diretamente no lixo.
Hoje eu as leio. Resgatei umas antigas até.
Admito que tento reinterpretá-las.
Fiquei com os olhos cheios d' água quando li sobre uma determinada Ironia que tornou os tempos melhores.
Pensei no que deveria conter o conteúdo desprezado.
E respirei fundo.
Quando penso na postagem, os Correios não estão em greve, o endereço é preenchido corretamente. Nesse dia, eu saio mais tarde de casa (ou atrasada, para dar mais dramaticidade ao fato) e, como nunca acontece, encontro o carteiro para assinar o protocolo.
Abro o envelope e o texto tem uma saudação extremamente formal, algo como "Ilustríssima Senhora Ludmila Azevedo Dias".
Ele, o Destino, é muito frequente. Pode me avisar que por mais que eu prefira dias frios, os de calor e de chuva serão mais extensos, justamente por eu viver nesse país tropical, por não ter como fazer as malas imediamente. No discurso, o remetente faz questão de me lembrar o conjuntos de porquês que atravancam o meu caminho.
Sarcástico e cruel em ocasiões específicas, o Destino troca assinaturas como "atenciosamente" por "eu te avisei".
Nunca respondi a essas correspondências, são como avisos da conta de luz não paga. Aperto de cá, me viro dali e acerto. Não dou explicações, elas não são necessárias.
Certa vez, depois de beber sozinha uma garrafa de vinho, decidi que iria redigir, nada ficaria subentendido. De quebra, diria umas verdades para esse grandessíssimo filho da puta. Achei, aliás, uma boa ideia começar assim.
Acordei em cima do papel amassado, com uma dor de cabeça monumental. Eu tinha uma reunião de trabalho que durou horas, enquanto as pessoas ao redor da mesa falavam, me esforçava para lembrar de tudo que quis escrever, mas a mente apagou cada palavra.
Também passei um período sem abrir as cartas, que se amontoavam entre as demais.
Rasguei sem ler, joguei diretamente no lixo.
Hoje eu as leio. Resgatei umas antigas até.
Admito que tento reinterpretá-las.
Fiquei com os olhos cheios d' água quando li sobre uma determinada Ironia que tornou os tempos melhores.
Pensei no que deveria conter o conteúdo desprezado.
E respirei fundo.
Ilustríssima Senhora Ludmila Azevedo Dias,
ResponderExcluirNão encontramos em nossos registros o depósito referente à sua última cota de Fôd-Ace.
Sem o seu Fôd-Ace vc não terá mais acesso às coisas que realmente importam (não me pergunte quais são).
Por favor, desconsidere essa correspondência se já tiver dado o seu Fôd-Ace recentemente, sem resgates ou reinterpretações.
Atenciosamente,
Seu Andarilho.
Verdade, verdadeira. Preciso utilizar mais o fôd-ace. ;)
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