Do mês passado...

Me esqueci de postar essa!

Longe

Como no filme de Marcelo Gomes, a primeira parte da frase faz muito sentido para mim: “Viajo porque Preciso”. Em São Paulo para cobrir a 37ª Mostra Internacional de Cinema, aproveito as brechas entre as sessões para colocar papos em dia com velhos amigos dos tempos em que morei por aqui. Às vezes, sinto que o tempo voltou diante do combinado chope e pastel, tão paulistano.

Pego o metrô, mas meu destino não é a Vila Madalena como antes. Dessa vez, não comerei milho-verde quentinho na estação. Mais uma vez, entro em filas, intermináveis. No Museu da Imagem e do Som, o MIS, foi mais de uma hora para conseguir entrar e ver o acervo do Stanley Kubrick. Enquanto isso, e como sempre, fiz amigos na fila. “Ah, você é mineira, seu sotaque é tão fofo!”, me disseram.

Eu amo São Paulo. Andar pela avenida Paulista ouvindo as conversas de pessoas de todos os lugares do mundo. Meninas japonesas de cabelo roxo, meninos bem-vestidos de mãos dadas com seus namorados, velhinhas cheias de laquê no cabelo, judeus ortodoxos caminhando com seus filhos, Elvis Presley pedindo uns trocados na porta do shopping. Me perco por horas em livrarias, lojinhas de arte, cafés e padarias. Como pão na chapa cheio de manteiga, e sempre tenho assunto com taxistas e pipoqueiros.

A cidade tem tanto barulho que me faz ficar em silêncio. Às madrugadas, abro as janelas do quarto para olhar o Conjunto Nacional. Ainda há pessoas na calçada. Aqui não se dorme, como Sinatra um dia cantou para uma de suas musas, Nova York. Apesar de estar em hotel, me sinto em casa. Sinto saudade de tanta coisa, de tantos rituais. Muitos nem pude cumprir nesses dias. E não os cumpri intencionalmente. Quando venho a São Paulo, compro um tíquete de metrô a mais, deixo de visitar um museu ou um novo restaurante só para voltar correndo.



Comentários

Postagens mais visitadas