Dos rituais

São essas tantas coisas, esse quase nada que acontece.
As observações dos outros que, às vezes, sugerem que eles não tem vida própria para cuidar e se ocupam da minha.
A faixa no repeat, o vinho tinto, as lágrimas que insistem em sair depois de assistir a uma bobagem na tevê, ficar tomando sol na varanda num dia frio, perder a hora todos os dias, consultar o oráculo para saber se o amor um dia voltará, lembrar de tomar os glóbulos, a pílula, a vitamina...esquecer de ir ao banco, de ligar para a amiga, de comprar o maldito refil do aspirador de pó, de vender o iBook G4 que me pede para interromper scripts o tempo todo, mas que armazena os textos, as fotos e as canções (que eu queria que tivessem feito para mim).
Vontade de voltar a correr, de ter milhas para gastar em viagens, de pregar logo os quadros na parede, de ter outro gato persa, de não fazer nada um dia que seja (inclusive pensar, tomar decisões e passar corretivo nas olheiras).
Cultivo meu pequeno jardim de suculentas, separo o lixo, como vegetais orgânicos, tento ser tolerante, compro mais livros que sapatos, desejo "bom dia" até quando estou de mau humor, assino petições para libertarem o Assange, as meninas do Pussy Riot, torço pelos meus amigos mais do que pelo meu time (e sem comentários sobre ele), acendo incensos para purificar o ambiente, cedo lugar para velhinhos e me esforço para manter a leitura, a escrita e as contas em dia.
O que mais?


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