Fiquei lisonjeada com os escritos da Sil Mascagna

Armas contra falta de cidadania - Silvana Mascagna

Vejo no Twitter que Jards Macalé riscou o carro de Tadeu Scmidt que estava estacionado na calçada.

Clico no link e fico sabendo que a nota é de Joaquim Ferreira dos Santos, de "O Globo", e diz que: "Jards Macalé ia pela calçada da rua Maria Angélica, Jardim Botânico, quando foi interrompido por um carro estacionado com as quatro rodas. Não teve dúvida. Arranhou-o de um lado ao outro - e só não continuou pelo outro lado porque de dentro do carro, escondido pelo insulfilm, saiu o motorista, de 2m de altura. Começou o bate-boca e a multidão juntou, tomando partido em discursos".

"A cena ficou mais ‘fantástica’ quando surgiu o dono do carro, o repórter Tadeu Schmidt, da Globo. A PM veio em seguida, depois, a Guarda Municipal. A cena se desfez duas horas depois, quando Macalé se dispôs a pagar os danos à lataria do carro (já orçados em R$ 1.000), desde que houvesse multa pelo estacionamento na calçada. O caso está na 15ª DP".

Não sei quanto a você, leitor, mas eu estou de lado de Macalé. Tenho ímpetos de fazer o que ele fez toda vez que vejo algo do tipo. E que decepção o Tadeu Schmidt, hein? Será que vai dar no "Fantástico"?

O caso me transportou ao que aconteceu segunda-feira à noite comigo. Eu estava entrando no estacionamento do supermercado Super Nosso, quando me deparei com carro parado na via que desce ao subsolo. Achei que o motorista e os dois trogloditas que estavam com ele estacionaram ali para alguém debilitado descer. Mas, não, o imbecil do motorista, quando me viu, disse: "Pode descer por aqui". O "por aqui" era a via normalmente usada por quem estava subindo do subsolo.

Desci incrédula e fui logo falar com dois funcionários do estacionamento, que já tinha visto a situação e foram até o carro, onde duas moças esperavam. Sabe o que elas disseram? "Vai ser rapidinho. Eles não vão demorar". Sabe o que os funcionários fizeram? Nada.

Não acreditei. Aquilo acabou com meu humor. Fiquei fantasiando vinganças. Uma delas era ter um Jipe, aquele clássico, pesadão, e ficar empurrando o carro do espertalhão até amassar totalmente. Outra, é parar atrás dele e impedir que ele saia - para ele sentir na pele o que está fazendo com o outro.

O pior é que se fizer isso, corro o risco de levar um tiro. Porque, como diz o meu marido, um cara que faz uma coisa dessa é bem capaz de matar uma pessoa que o enfrente. E quantos casos desses já vimos por aí? Não esqueço de um, em que um homem, injuriado com um espertinho que estacionou numa vaga para deficiente físico numa locadora, protestou e acabou apanhando com barra de ferro. Foi parar no hospital.

O que me irrita mais ainda nessas situações é a pessoa que está fazendo a coisa errada achar que tem razão. O Tadeu Schmidt, por exemplo, devia ter ficado quietinho ali, protegido pelo seu insufilm. Pagava o estrago do seu carro, mas não passava atestado de péssimo cidadão.

No fundo, sei que atitudes como a de Macalé ou aquelas em que fico fantasiando não levam a nada. Melhor faz minha amiga Ludj, que quando passeia com Georginha Harrison pelas ruas do Santo Antônio, costuma distribuir saquinhos plásticos para as pessoas que, diferentemente dela, não recolhem as cacas de seus cachorros. É uma maneira elegante e sutil de dizer: "Seja cidadão".

E elegância e sutileza são sempre armas poderosas contra qualquer coisa, principalmente falta de educação.

É, tenho muito o que aprender com Ludj.

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