Encanto à primeira vista

Bastou um minuto para eu perceber que se tratava de um artista. No palco, um moço de olhos puxados dançava freneticamente, enquanto cantava "Eu Te Amo" em ritmo mais ágil do que a versão original de Roberto Carlos. Além da dancinha, ele sorria, sorria o tempo todo.

Olho para minhas amigas Lud e Andrea e vejo que estavam encantadas com a figura. Elas e todas as outras mulheres à minha volta só tinham olhos para o carismático China, o vocalista da banda Del Rey. Mas não só elas. Meu amigo Chico, a uma certa altura, me grita: "Você está gostando demais? Eu tô gostando demais desse show", enquanto entoava versos da músicas do Rei, a especialidade da banda. Adilson, outro amigo, chegou a dizer que China estava flertando com ele. "Não acredito que você não está vendo que ele canta todas as músicas olhando para mim", disse o louco.

A frase hilária de Adilson me fez lembrar de "Ally McBeal". Num episódio do seriado, que focava um escritório de advocacia, uma mulher processava Sting por seduzi-la, enquanto cantava. Foi difícil convencê-la de que ele era um cantor e que, quando estava no palco, a intenção era justamente essa: seduzir a plateia inteira, de preferência, e não uma pessoa em particular.
É assim que funciona: eles, nossos ídolos, fazem de tudo para nos seduzir, e nós, os fãs, estamos lá para isso mesmo. Naquelas horas que dura o show, essa é a combinação. E quanto mais sedutor for o artista, mais os espectadores vão se sentir especiais - já falei sobre isso aqui, citando Seu Jorge, Bono, Mick Jagger, dentre outros.

Mas o caso de China me pareceu surpreendente porque ele não é figurão. Quero dizer que, quando vamos ao show dos Stones, por exemplo, sabemos o que vamos encontrar ali. Assim como acontece com U2 e outros grandes.

Mas naquele sábado ninguém foi ali para ver o tal do China. Fomos atrás da bandinha que toca versões modernas das músicas de Roberto Carlos e que mistura integrantes do Mombojó e outros músicos e que sequer tem disco lançado. É mais uma brincadeira dos músicos do que uma coisa profissional.
Por Silvana Mascagna

De repente, está lá o cara, com um suingue danado, uma maneira toda particular de interpretar principalmente com o corpo versões das músicas do Roberto Carlos como "As Curvas da Estrada de Santos", "Negro Gato", "Além do Horizonte", "Namoradinha de uma Amigo Meu", dentre muitas outras.

Fiquei realmente feliz de ver o talento do moço, pernambucano de Recife, que mantém carreira solo, com disco lançado e tudo, paralelamente ao projeto da Del Rey. Acho que é uma questão de tempo para ele estourar. Carisma, talento e presença de palco não faltam.

Afinal, é preciso prestar atenção em um cara que deixa a todos ou pelo menos a maioria - com exceção dos amigos machões que ficaram superincomodados com as reboladas de China - em estado de graça, como ficamos no sábado. Da minha parte, nem prestei atenção ao show seguinte, que fazia parte da programação do projeto Lixo e Cidadania. Fui pra casa, ainda com a imagem e o som da novidade. Dormi feliz, feliz.


E eu, phynna, fui citada :)

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