Um mês

Ainda procurando o porta-copos de gatos que a amiga trouxe para mim da Paris que não conheço.
Ainda tentando me encontrar.
Ainda buscando aulas de yoga, emprego e paciência com as pequenas coisas.
Meio arrumada, meio acampada e bastante cansada.
Sumi daqui por achar que caixas de mudança não são assim um repertório tão rico quanto uma viagem de férias.
Ou seriam?
Achei minha boneca Juanita, que tenho desde criança. Abri livros autografados e páginas abandonadas sinalizadas por marcadores. Um último grifo, sempre feito a lápis.
Sou muito diferente e muito igual àquela que um dia se mudou para cá.
Um mês, dois resfriados. Um inverno e um certo verão dentro do inverno. 
Amigos que revi. Amigos que sei que nosso tempo foi outro: por mais que tentemos, nada será como antes.
Já é quinta-feira.
Já estamos no meio de julho.
Preciso pintar a parede amarela, ver Picasso, comprar o ingresso para o show do Ney Matogrosso, requisitar as milhas não atribuídas na última viagem.
Especialmente, pensar em novos rumos. 
Estou onde devia estar.
Entre o caos, a poeira, a sirene estridente lá fora, o sono profundo dos meus gatos, as caixas e os meus poucos sonhos. 


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