Dois anos

Comemorei silenciosamente, logo cedo, praticando yoga. No caminho do trabalho, comprei um cuscuz para o café da manhã. Há mais rugas em meu rosto e mais fios de cabelos brancos. Meu aniversário mesmo é na semana que vem.  O céu está naquele azul que prefiro, e o clima começa a ficar ameno. O termômetro do setor bancário sul marcava 25 graus às nove horas.

Sigo entre contrastes. O silêncio das quadras, a ausência de engarrafamento, as pitangas que tento colher no caminho. Sinto também tédio e frustração.  Penso em ir embora desse lugar tão importante e tão provinciano em muitos aspectos.  Dois anos e já quero me mudar?

Mas eu moro ao lado do parque.
Mas meu apartamento é aconchegante.
Mas tenho amigos e afetos aqui.
Mas eu sou assim.

Todo dia me despeço dos cobogós, dos pássaros, dos ciclistas e do cerrado.  Penso nas saudades que sentirei (com exceção do coentro em tudo) quando eu for para outra cidade.

O que faz alguém querer partir tantas vezes?
Não é por não gostar.
Mesmo porque me irrito quando a pergunta sobre onde moro vem seguida de uma afirmação cretina e cheia de certezas sobre Brasília.
Nunca terei certezas sobre Brasília, nem sobre lugar algum.



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