(Con) tradição

Todos os meus posts de janeiro são um coquetel de otimismo. Já comecei os novos anos com fotos festivas, poesia e arte. Mesmo depois de anteriores devastadores, com mortes e tragédias pessoais, havia em mim algo meio Scarlett O' Hara. A "fome" que concluiu a frase  "jamais passarei" era trocada por tristeza, decepção, raiva.
Ilusão.
Não há barganha com as dores, há aprender a lidar com elas, pois existirão até o último ano de nossas vidas.
O poeta, que habitava um mundo particular, sugeria que anos novos pudessem ser folhas em branco para escrevermos nossas próprias histórias.
Escrevemos. Alguns até em papéis de carta floridos e com ursinhos carinhosos.
No entanto o destino, o karma, o acaso e o que quer que seja trata de amassar a folha, rabiscar a letrinha redonda.
"Querida vida, hoje fui uma pessoa melhor".
Quantas porradas depois irão manter a doçura ou a tolerância? Não se sabe.
Então a gente levanta, segue, apanha e também bate.
Bate nem sempre porque foi provocado.
As religiões e os livros de autoajuda insistem que rupturas são ruins.
Não as vejo de maneira tão limitada.
Eu já deixei de falar meses e anos com algumas das pessoas mais importantes para mim.
Não me orgulho, mas não fico me culpando.
O destino, o karma, o acaso e o que quer que seja resolveu a questão. Evidentemente à maneira dele.
Então, eu aceito.
Eu aceito as coisas boas que 2015 vai me dar e as ruins também. As primeiras agradeço e faço por merecer. Para suportar as últimas, peço força, calma e sanidade.
Levei anos para me despedir dessa personagem cheia de esperança de janeiro. Serei eu mesma, achando cada momento do dia diferente: preocupada com o mundo que explode e sorrindo ao ver um amigo querido mandar uma mensagem de amor para o namorado numa rede social.
Eu continuarei promovendo começos com fotos festivas, poesia e arte, ainda que sejam nos derradeiros meses já com as folhas escritas, rasuradas e amassadas.





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