Carta para alguém bem perto

Querido amigo,

Não sei se você gosta da Fernanda Young. Eu dei uma surrupiada no título de um livro dela para nomear esse post (que nem é um post). Acho que, como eu, você talvez pudesse eleger como preferido o "Vergonha dos Pés". O que eu penso da escritora agora não é diferente do que muita gente pensa...e nem quero ficar falando de Fernanda Young, faça-me o favor.

Eu queria escrever uma carta para você. À mão seria um completo garrancho. Tão pouco uso a máquina do meu avô. Não tenho impressora e a telepatia ainda não chegou ao nível desejado. Como eu sei que passará por aqui, não precisamos de correio.

Seu presente está comigo há meses e sinto saudade das nossas conversas literárias, dos planos - ao menos, os meus - de jogar tudo para o alto e viver uma temporada Kerouac. Sinto mais falta, confesso, da cerveja no copo lagoinha, numa noite qualquer. Por que começamos a descombinar mesmo?

Eu queria escrever algumas cartas para você, queria ter tempo para isso. Ou não. Meus livros de cartas entre escritores revelam intervalos inacreditáveis. Não somos como Clarice e Fernando. Somos como naquela música da Tulipa: eu sou assim e você assim, assim.

Esse "farway, so close" é engraçado porque eu fico lendo coisas suas que a gente não conversa e você faz o mesmo. E é como se conversássemos exatamente sobre isso que eu vivo ou que você sente na pele. Aí, a gente nem precisa falar, mas seria transgressor se mantivéssemos correspondências. Só para irritar esses tempos SMS.

Fica o convite

Cordialmente,

Ludmila



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