do you believe in life after love

Sentia-se feliz com a liberdade do não amar.
Sentia-se apreensiva com o vazio do não amar.
Era a própria contradição.
Passou a acreditar que nos joguinhos da sedução poderia ter sorte.
Mas lançava os dados com muita pressa ou não tinha uma estratégia.
Suspirava por histórias de amor que não fossem de cinema,
pois via que elas (poucas) ainda acontecem.
Tinha uma certa incredulidade quanto ao sucesso de seus encontros.
Arrumava-se e ia perfumada ainda assim.
Apostava no "até nunca mais" quando ouvia "vou te ligar".
Considerava-se ultrapassada fazendo a linha difícil.
Considerava-se estúpida deixando as intenções às claras.
Considerava-se fácil quando tinha a mesma atitude que um cara teria em seu lugar.
Não faria o ridículo de pedir aos amigos que apresentassem alguém interessante.
Não entraria numa sala de bate-papo virtual.
Um dia, fez tudo isso. E tudo isso ficou para trás.
Como o amor.
Que acontece a todo dia, em qualquer esquina, como dizem.
Decidiu conhecer quem achasse interessante por si só.
Constatou que não há tantas pessoas interessantes no mundo.
Embora o mundo tenha bilhões e bilhões de pessoas.
Talvez no Nepal.
Talvez na Sibéria.
Talvez no Canadá.
Para que sua rigidez fosse quebrada, acrescentou Brasil.
No fundo, só para não ouvir bronca das amigas e da terapeuta.
Queria tomar Café da manhã em Plutão.
O problema é que o planeta fez o favor de não mais existir.

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