Do Extraordinário
Houve um tempo em que se acreditava que tudo seria extraordinário um dia. E nesse tempo era comum usar a expressão "quando eu crescer" para validar a convicção.
A vida adulta parecia fantástica. Dormir tarde, almoçar na hora que fosse conveniente, não pedir para os pais a assinatura naquele boletim com notas vermelhas em exatas.
No início da vida adulta, acredita-se ainda numa dose de "extraordinariedade": o primeiro emprego, a chance de passar uma temporada fora do país, aquele amor de tirar o fôlego cujo desejo de eternidade insiste ou quando extraordinário aquieta (e espera-se um fim tranquilo).
Extraordinário vai virando extra-ordinário em meados da vida adulta: aquele gasto não planejado que bagunçou as finanças, uma doença na família, a pressão absurda no trabalho...então, há um desejo de que tudo seja ordinário, sem susto, sem trauma, sem solavancos.
Ordinário vira quase um mantra. No entanto, você se conhece desde aquela faísca da infância e se pergunta: depois de querer tudo ordinário, como vislumbrar a possibilidade? Como achar que haverá frio na barriga, viagem inesquecível ou viver de escrever?
E a noite cai, a grande ideia não chegou. No relógio é hora de dormir. E a inspiração não vem, nem de madrugada. E de manhãzinha é preciso tomar muito café para dar conta do expediente. E dar um jeito de passar no banco, ligar para a amiga que há dias combinou um encontro. Algo sempre vai faltar no percurso ordinário.
No meu caso, sempre falta. Eu fico procurando "extraordinariedades" escondidas, assim como procurava ovinhos de chocolate que minha mãe espalhava pela casa na Páscoa.
A vida adulta parecia fantástica. Dormir tarde, almoçar na hora que fosse conveniente, não pedir para os pais a assinatura naquele boletim com notas vermelhas em exatas.
No início da vida adulta, acredita-se ainda numa dose de "extraordinariedade": o primeiro emprego, a chance de passar uma temporada fora do país, aquele amor de tirar o fôlego cujo desejo de eternidade insiste ou quando extraordinário aquieta (e espera-se um fim tranquilo).
Extraordinário vai virando extra-ordinário em meados da vida adulta: aquele gasto não planejado que bagunçou as finanças, uma doença na família, a pressão absurda no trabalho...então, há um desejo de que tudo seja ordinário, sem susto, sem trauma, sem solavancos.
Ordinário vira quase um mantra. No entanto, você se conhece desde aquela faísca da infância e se pergunta: depois de querer tudo ordinário, como vislumbrar a possibilidade? Como achar que haverá frio na barriga, viagem inesquecível ou viver de escrever?
E a noite cai, a grande ideia não chegou. No relógio é hora de dormir. E a inspiração não vem, nem de madrugada. E de manhãzinha é preciso tomar muito café para dar conta do expediente. E dar um jeito de passar no banco, ligar para a amiga que há dias combinou um encontro. Algo sempre vai faltar no percurso ordinário.
No meu caso, sempre falta. Eu fico procurando "extraordinariedades" escondidas, assim como procurava ovinhos de chocolate que minha mãe espalhava pela casa na Páscoa.
Adorei, Lud
ResponderExcluirLeu meus pensamentos (e os interpretou para mim)
Obrigada pelo elogio e pela visita, Alex :)
ExcluirLudj, cada post seu é um ovinho, do mais delicioso chocolate, que vc deixa abrigado na sua poesia para a gente achar... Como todo bom doce, o primeiro reflexo pode ser querer engolir de uma vez, e ter uma explosão de energia e sabor. Eu prefiro colocar na boca e ir apreciando lentamente... até aparecer o próximo ovinho.
ResponderExcluirAndarilho, fico até encabulada com tanta gentileza. Muito obrigada pelo carinho :)
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