tag:blogger.com,1999:blog-65233902024-03-07T13:44:49.575-03:00LudjLudjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.comBlogger1052125tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-13305330677989040342019-03-29T17:56:00.003-03:002019-03-29T17:56:44.690-03:00Novo endereçoEstou postando basicamente crônicas por lá...<br />
<br />
<a href="https://medium.com/@ludmila.azevedo">https://medium.com/@ludmila.azevedo</a>Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-16340709003689609332018-12-24T13:01:00.002-02:002018-12-24T13:03:18.865-02:00Despedida2018 foi um ano péssimo para o Brasil.<br />
Tão péssimo que, se a frase que inicia esse post fosse embalada numa garrafa e lançado ao mar, anos depois, quem encontrasse a garrafa saberia o porquê.<br />
<br />
2018 foi um ano importante para mim.<br />
Ele não coube nos resumos dos algoritmos das redes sociais.<br />
As maiores curtidas do Instagram foram sobre as minhas memórias.<br />
As minhas memórias dizem muito sobre mim, sobre meu ascendente em Câncer.<br />
No entanto, não publiquei o "best nine" porque meu tempo é o agora.<br />
O Facebook "excluiu" pessoas que foram fundamentais.<br />
Foram elas que me deram a mão e não soltaram.<br />
São com elas que quero seguir.<br />
Mas os "likes" operam de formas subjetivas.<br />
Meu ano foi mais do que registros, que também deixaram de ser frequentes.<br />
Por aqui, então, nem preciso listar.<br />
São 14 anos mantendo este blog, que respira nem sei como...<br />
<br />
Em 2018 eu fiz oficinas de escrita literária, eu trabalhei como nunca, eu conheci mulheres de luta fantásticas, eu voltei para a televisão, eu pratiquei muita yoga, eu fiz questão de estar com amigos e minha pequena família, eu reencontrei amigos, eu me reconciliei com quem havia se afastado e eu gostei mais de mim - mesmo com as rugas, com os cabelos brancos (que eu ainda escondo) e com o metabolismo mais lento.<br />
<br />
Em 2019 eu vou continuar nessa toada. Talvez ela seja uma micro-revolução: trabalhar, lutar, ter coragem, cultivar a saúde e me cercar de afetos. Se eu conseguir, tirarei férias.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnqVq3-zmy8RLtBV5yoJDKUpk5xpLEftPlIdloP4was3daa9wec3YBTao08ZlW9De-ykrOb4mjNMLqDskPBLXBJ1G-52V3YVXFEnqw37qtxSHFjMSjAFzfyb9tq8-rHV5qMn9_/s1600/Feature-1080x720.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1080" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnqVq3-zmy8RLtBV5yoJDKUpk5xpLEftPlIdloP4was3daa9wec3YBTao08ZlW9De-ykrOb4mjNMLqDskPBLXBJ1G-52V3YVXFEnqw37qtxSHFjMSjAFzfyb9tq8-rHV5qMn9_/s400/Feature-1080x720.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
Para o Brasil: que sigamos atentos e fortes. Teremos tempos horríveis pela frente. Mas a gente cresce e se fortalece também quando não há luz.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-29043351252525018612018-08-07T09:54:00.000-03:002018-08-07T09:54:06.657-03:00Há tempos procuroHá tempos procuro<br />
a paciência<br />
um pouco de estabilidade<br />
minha carteira de vacinação<br />
o pé de meia no fundo da gaveta<br />
tirar férias<br />
a escrita<br />
os brinquedos dos gatos escondidos<br />
o sentido<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJ_6ItH7qZLSzUARqfLMzkBnoYmqNU8nrv1Tpu91O4BrO0xnariyvqSlq5T71FlN0lhzhOq6VS9K5bHXa8dSIajzGEtr8uHN0gQeC9fBrOEicpAByTMa6gv6r6LpT5GsRNQnIc/s1600/mvf-caminhada1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="475" data-original-width="640" height="237" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJ_6ItH7qZLSzUARqfLMzkBnoYmqNU8nrv1Tpu91O4BrO0xnariyvqSlq5T71FlN0lhzhOq6VS9K5bHXa8dSIajzGEtr8uHN0gQeC9fBrOEicpAByTMa6gv6r6LpT5GsRNQnIc/s320/mvf-caminhada1.jpg" width="320" /></a></div>
<br />Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-66109476357533417242018-07-28T16:33:00.003-03:002018-07-28T16:33:54.894-03:00O joio e o trigo*
<style type="text/css">
p.p1 {margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; text-align: justify; font: 12.0px 'Helvetica Neue'; color: #454545}
p.p2 {margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; text-align: justify; font: 12.0px 'Helvetica Neue'; color: #454545; min-height: 14.0px}
</style>
<br />
<div class="p1">
Passei a vida reproduzindo ditados populares sem necessariamente buscar suas origens. Um exemplo foi a ampla utilização da expressão “cuspido e escarrado” como algo que fazia sentido. Assim que descobri o “esculpido em Carrara”, resolvi restringir o termo porque o mármore italiano dá a ideia das formas de Davi, de Michelangelo. Quando se é cuspido e escarrado, você pode ser feio que nem o outro.<span class="Apple-converted-space"> </span></div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Separar o joio do trigo é algo sempre fiz considerando o joio e o trigo como antagonistas: o bem e o mal, a salsinha e o coentro, o All Star e o sapatênis, o Mujica e o Trump.<span class="Apple-converted-space"> </span>Conheço bem a gramínea das mais cultivadas no planeta, que dá origem ao pão, à cerveja encorpada e também ao pesadelo de muita gente que a associa ao glúten, o vilão das dietas atuais.<span class="Apple-converted-space"> </span></div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Ao buscar a imagem do joio no Google, percebi que era impossível diferenciá-lo do trigo num primeiro momento. Caí na parábola da Bíblia - sim, eu faltei a muitas aulas de religião – e fiquei me perguntando o que faz uma criatura se infiltrar numa plantação de madrugada somente para misturar ao que estava semeado aquilo que não prestava? O período de amadurecimento seria a única solução para a depuração.<span class="Apple-converted-space"> </span></div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
Quando alguém planta algo improdutivo em nossa vida, nem sempre a percepção é imediata. A qualquer minuto, o amor acaba. O mesmo acontece com a amizade, por mais que idealizemos ainda mais esse sentimento. Ficou o amargor e também o sentimento espera por uma outras colheita. Em muitos momentos, contemplei aquela plantação imaginária e tentei me lembrar a hora exata em que que cochilei. Pacientemente, troquei a mágoa pela resiliência. Não foi nada fácil.<span class="Apple-converted-space"> </span></div>
<div class="p2">
<br /></div>
<div class="p1">
As oportunidades se abriram porque escolhi não me fechar para o novo e porque essa motivação de separar joio do trigo pode, equivocadamente, jogar fora aquilo que não se recupera mais. Como na poesia de Filipa Real, “pelo sim, pelo não vou regando também as plantas falsas”. Assim, eu passei a dormir relativamente tranquila, sem me preocupar em vigiar o trigo. Pode haver o joio, pode haver o sol em excesso, pode haver a tempestade e pode haver a ventania. Vivo, felizmente, a constante impossibilidade do controle.<span class="Apple-converted-space"> </span></div>
<div class="p1">
<span class="Apple-converted-space"><br /></span></div>
<div class="p1">
<span class="Apple-converted-space">*Crônica produzida para a oficina da Ivana Arruda Leite na Escrevedeira</span></div>
<div class="p1">
<span class="Apple-converted-space"><br /></span></div>
<div class="p1">
<span class="Apple-converted-space"><br /></span></div>
<br />Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-75339044466833416122018-06-03T14:57:00.002-03:002018-06-03T14:57:49.149-03:00MetadeOs anos, às vezes, são como livros grossos de narrativas ora emocionantes, ora arrastadas.<div>
Olho para o marcador de páginas, sem muita vontade de ler os próximos capítulos.</div>
<div>
Ao contrário de publicações, não posso ir direto ao final ou mesmo abandonar pela metade.</div>
<div>
Posso deixar fluir, como venho tentando fazer.</div>
<div>
Há dias mais fáceis e, talvez, seja o caso de respirar.</div>
<div>
Mas olho ao redor.</div>
<div>
Estamos vivendo o desencanto (individualmente e coletivamente). </div>
<div>
A seleção pode fazer quantos gols quiser.</div>
<div>
Podemos beber todas e afogar as nossas mágoas.</div>
<div>
Abraçar aqueles de quem nem gostamos. </div>
<div>
Vai, Brasil.</div>
<div>
E o Brasil não vai. </div>
<div>
O que vem é a realidade. </div>
<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggwhkBrSNzGKHDNsp0d4zJhp2haBxl8kPjYUZUAcx7hCPqbVy2K9A86HVO6DEiaJEWDoaDT0gG3KmU9diSECNmwngeFTPdpKxZ63Pelt1j4JGJGrF2Ue8KcypmruapjHmeuBwx/s1600/58926.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="348" data-original-width="620" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggwhkBrSNzGKHDNsp0d4zJhp2haBxl8kPjYUZUAcx7hCPqbVy2K9A86HVO6DEiaJEWDoaDT0gG3KmU9diSECNmwngeFTPdpKxZ63Pelt1j4JGJGrF2Ue8KcypmruapjHmeuBwx/s320/58926.jpg" width="320" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-3186796964636255412018-03-31T18:15:00.000-03:002018-03-31T18:15:03.774-03:00PassagemPáscoa vem do hebraico pessach, passagem.<br />
Revejo passagens passadas a cada ano em feriados.<br />
Os aniversários que caíam em sexta-feiras santas, a comida que não me agradava e minha avó dizendo que pessoas de alma boa iriam para o Céu de qualquer maneira - ao passar um bife para a neta mimada.<br />
Passagens por tapetes coloridos de serragem em Ouro Preto, pela expectativa de encontrar ovos de chocolate escondidos pela casa por mamãe.<br />
Não há mais bacalhoada, nem o churrasco contraventor do meu pai.<br />
Não há mais viagem para cidade histórica, nem uma caixa de chocolates maior do que eu presenteada pelo vovô.<br />
Nem eu tenho aquela fé. Talvez aquela fé nunca tivesse pertencido a mim.<br />
Era das mulheres da procissão com seus mantos roxos, os choros, as velas.<br />
Mas espero que a fé não falhe para elas, nem para mim.<br />
Que passemos e que sigamos.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQQxiOipcocpDw5frPgtBKu3jXSo9PGZvFm_hwE92Ug8XW5TCLaG_IGE9Zg9lJbm5KsSIPTfOiSUN0JfxYi3cKfLc7u6HXCbsMbekYzvy2LAyhz2kCJB4-DZnmPBLAPhr9GXpp/s1600/coelho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="540" data-original-width="960" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQQxiOipcocpDw5frPgtBKu3jXSo9PGZvFm_hwE92Ug8XW5TCLaG_IGE9Zg9lJbm5KsSIPTfOiSUN0JfxYi3cKfLc7u6HXCbsMbekYzvy2LAyhz2kCJB4-DZnmPBLAPhr9GXpp/s320/coelho.jpg" width="320" /></a></div>
<br />Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-42723992064169711342018-03-17T18:00:00.002-03:002018-03-17T18:00:58.871-03:00Mês trêsHá um abafamento.<div>
Chamo-te de mor-março<div>
Antecessor do meu outono.</div>
<div>
Inquieta-me de tantas maneiras.</div>
<div>
Tento atravessa-lo com suavidade</div>
</div>
<div>
Com intermináveis exames médicos</div>
<div>
Para ter saúde e gozar no final.</div>
Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-9367635907828904462018-01-06T11:54:00.000-02:002018-01-06T12:03:36.196-02:00O amigo do amigo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYaFTOJHR5ClkTbW7-N79d9Hkgu1w7lhqkBGVD5hNm5xRmO_1vAzMEP0Jty1RQXacOFnMtvQnnuJWrHA8zQ-C0MGk43DdETHpoIt9At-hQrCgrTfeF2Ng29LuCK8NmfsDsh3pC/s1600/truque-da-regra-dos-sinais-para.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYaFTOJHR5ClkTbW7-N79d9Hkgu1w7lhqkBGVD5hNm5xRmO_1vAzMEP0Jty1RQXacOFnMtvQnnuJWrHA8zQ-C0MGk43DdETHpoIt9At-hQrCgrTfeF2Ng29LuCK8NmfsDsh3pC/s320/truque-da-regra-dos-sinais-para.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Sempre tive uma dificuldade imensa com matemática. Ainda por cima, sou da geração decoreba. Aprendi a somar, subtrair, dividir e multiplicar com cartões coloridos feitos em cartolina. Eu só precisava memorizar aquilo para me livrar, para estudar coisas mais interessantes.<br />
<br />
Meu tio Marcelo, uma vez, num exercício imenso de paciência quis me explicar equações de um modo subjetivo. Para que eu entendesse as regras do sinal, exemplificou: o amigo do meu amigo é meu amigo, o inimigo do meu inimigo é meu amigo, assim por diante. Eu fazia provas repetindo isso. Algo sempre dava errado e quando vinha a prova corrigida, meu alívio era estar na média.<br />
<br />
Outro dia, fiquei pensando no amigo do amigo além do conceito que meu tio tentou me ensinar. Há vários amigos de amigos que não suporto, alguns até já chamei de amigos. Tem pessoas que meus amigos detestam e que, eventualmente, são meus amigos. Já fiz uma festa, aliás, em que pedi para ninguém fotografar porque tive que deixar de convidar uma amiga para convidar outra.<br />
<br />
A gente vive andando na corda bamba com essa fragilidade chamada amizade. Essa fragilidade que nos dá e também nos tira chão, que quando se tem é loteria e quando se perde é abismo. Até hoje sei de cor o telefone celular da minha melhor amiga, que partiu muito cedo em 2010. Nunca existirá na minha vida alguém como ela. Para nossa sorte, não compreendemos isso depois da perda. Foi justamente no dia em que nos tornamos amigas.<br />
<br />
Ao longo do tempo perderemos amigos, não somente para a morte. Acredito que algumas relações sejam feitas para acabar e deixem uma saudade boa, como a daquela amiga do colégio com quem se dividiu tanta coisa e, depois de cada uma seguir uma carreira, se mudar de cidade tenha ficado a beleza das memórias.<br />
<br />
Perdemos amigos que de fato nunca foram, que não olham para amizade e sim para seus umbigos e seus anseios de poder. Perdemos amigos por bobagens, porque estamos mais impacientes com os defeitos do outro e de nós mesmos. Queremos ser o profissional como pregam as cartilhas do LinkedIn, a pessoa good vibes dos textos de bem-estar que pipocam no Facebook assinadas por quem tem um estilo de vida completamente diferente do nosso, às vezes genuinamente desapegado.<br />
<br />
Seremos profissionais com falhas, nos estressaremos com os chefes, com os colegas de trabalho e não vamos seguir a etiqueta corporativa à risca. Não vamos levantar à cinco para correr, nem meditar ou comer orgânicos. Nem sempre vamos mentalizar positivamente que tudo vai melhorar e cultivar a resiliência em meio ao trânsito parado ou à constatação de que o dinheiro na conta não vai pagar os boletos.<br />
<br />
Ao rolar a lista de contatos da agenda do telefone são poucos os que entendem sem julgar, que acolhem e também dão uns safanões porque são e vivem as imperfeições. São esses poucos como eu, sinalizados com uma estrelinha amarela, na lista de favoritos, sem tempo. Eventualmente, vão adiar os encontros porque não podem e, de vez em quando, porque não estão com vontade mesmo.<br />
<br />
Está tudo bem, mas também é um pouco melancólico.<br />
<br />
Vamos acionando os recursos virtuais para sorrir com a foto no Carnaval de cinco anos atrás, no registro daquela viagem em que estávamos com a pele mais brilhante e os cabelos mais curtos. Vamos todos nós cuidando de pequenas e grandes ausências, com mensagens no Whatsapp e perceber que um ano se passou e não nos vimos...<br />
<br />
Seguimos, então, aperfeiçoando o currículo, colocando o despertador na soneca, evitando o congelado no supermercado, tentando se abrir para o amigo do amigo que achamos um pouco pedante na mesa do bar.<br />
<br />Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-87950694413899695872017-12-02T13:12:00.002-02:002017-12-02T13:14:13.645-02:00DefiniçõesSobre montar ou não árvore de Natal em mais um ano de desencanto.<br />
<div>
Sobre arriscar uma viagem para o Chile, em abril, considerando o futuro incerto.</div>
<div>
Sobre insistir em escrever, não aqui. Em escrever.</div>
<div>
Sobre me matricular no mesmo estúdio de yoga, mesmo querendo noites livres.</div>
<div>
Sobre ainda dar importância para grosseiras dos outros, tentando ser compassiva.</div>
<div>
Sobre desistir de vender as roupas usadas e doar tudo numa só tacada, ainda que precise de dinheiro.</div>
<div>
Sobre qual quantia de dinheiro preciso mesmo para viver.</div>
<div>
Sobre a preocupação e a fuga a respeito de exames médicos.</div>
<div>
Sobre aceitar que depois dos 40 anos há coisas sobre mim que terei que aceitar, gostando ou não.</div>
<div>
Sobre arrumar horários, tempo e dinheiro para estudar.</div>
<div>
Sobre respirar e tentar ser paciente com quem me procura apenas para reclamar.</div>
<div>
Sobre tentar meditar.</div>
<div>
Sobre entender que tudo bem ter bem menos amigos do que eu pensava que tinha.</div>
<div>
Sobre ser loira, morena, ruiva, joãozinho ou cabeluda.</div>
<div>
Sobre o sentimento do mundo e a necessidade de voltar para a terapia.</div>
<div>
Sobre o fato de que tudo isso é constante, e que tudo isso um dia acaba.</div>
<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizrxASIF38CRLyUvKl4QDRHzwVbktbmFOhTV-jNYEiipCNfS4IDYPGR6WPwLWkOGgWLa2TcuMuOB3nEB5u1x7_e5K0fI2xDllPxQMdGDuqxL3T5Ynx1thLQwGtFohYCETbgCGV/s1600/tomada-de-decisa%25CC%2583o.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="446" data-original-width="800" height="178" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizrxASIF38CRLyUvKl4QDRHzwVbktbmFOhTV-jNYEiipCNfS4IDYPGR6WPwLWkOGgWLa2TcuMuOB3nEB5u1x7_e5K0fI2xDllPxQMdGDuqxL3T5Ynx1thLQwGtFohYCETbgCGV/s320/tomada-de-decisa%25CC%2583o.jpeg" width="320" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-54838532493125152612017-09-23T18:44:00.000-03:002017-09-23T18:44:34.587-03:00AmizadeHá muito venho pensando nos encontros que ganham profundidade e levam seu nome.<br />
O que é a profundidade se não transcender os mesmos gostos por filmes, livros e discos.<br />
Perceber que diferenças podem ser transformadoras quando sabemos aceita-las, abraça-las.<br />
<br />
Semana passada, tive reencontros que me inspiraram a parar os relógios. <br />
Que tempo é esse que nos rouba possibilidades de trocar afetos e ideias?<br />
Que tempo é esse que nos dá a falsa sensação de que estamos presentes?<br />
Nos aniversários.<br />
Nas separações.<br />
Nos nascimentos.<br />
Nas mortes.<br />
<br />
Outro dia, um conhecido disse que não usava redes sociais, para que ninguém soubesse quando estava gripado, sem grana, apaixonado ou triste. Ele completou que tinha o privilégio de tomar uma cerveja com a turma toda semana. Não precisavam nem telefonar para este encontro marcado.<br />
<br />
Há muito venho pensando como a turma virou um encontro sazonal.<br />
Nos aniversários.<br />
Nos casamentos.<br />
Nos velórios.<br />
<br />
Onde estamos armazenando tantas ausências?<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigKWZ2FdRahG_UtZatfOzQ0xxXIlq9-FsX4AkFZxDAhuKUNfEE8l-JcgAIS2B8XHO3dBvET3WKMtQiY3J9h6X2HSpHPZhCe3zxyygMFnCZnzRLMc10bsxKADYSfcGiLZxDCXwj/s1600/best-dark-friend-friends-Favim.com-3019356.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="401" data-original-width="610" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigKWZ2FdRahG_UtZatfOzQ0xxXIlq9-FsX4AkFZxDAhuKUNfEE8l-JcgAIS2B8XHO3dBvET3WKMtQiY3J9h6X2HSpHPZhCe3zxyygMFnCZnzRLMc10bsxKADYSfcGiLZxDCXwj/s320/best-dark-friend-friends-Favim.com-3019356.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<br />Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-35106608710683930432017-08-06T21:14:00.001-03:002017-08-06T21:23:05.027-03:00DomingoSem a televisão ligada, ouço o barulho das motos, as sirenes da ambulância e vozes embriagadas vindas do prédio vizinho no churrasco que já acabou. Não há fumaça ou cheiro de carne no ar.<br />
<br />
A tevê na noite de domingo é das coisas mais desnecessárias que existem. Os programas que misturam jornalismo, entretenimento e espetáculo desde sempre trazem consigo uma angústia, um sufocamento.<br />
<br />
Tenho evitado sofrer com o anúncio das segundas-feiras. Eventualmente, nem penso muito nelas ou penso que são um dia como outro qualquer. Ainda sinto dificuldades em dormir bem, certamente pelo excesso de edredom no fim de semana.<br />
<br />
Aproveito que os sons lá fora começam a cessar. Tento planejar uma playlist, as comidinhas da minha marmita e coloco um livro na mochila. Vou ver um seriado, sonhar com férias como não tiro há três anos e com o bilhete premiado da loteria que não jogo.<br />
<br />
<br />Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-66849650254120412402017-07-09T13:43:00.003-03:002017-07-09T14:52:50.454-03:00Dia a Dia, Lado a LadoTulipa Ruiz e Marcelo Jeneci são artistas contemporâneos, com propostas tão diferentes quanto complementares. Ela tem uma voz que trafega entre a doçura e a potência. Também assina a arte de seu disco de estreia. Ele canta de modo suave, além de ser um sanfoneiro de mão cheia. Tulipa faz deliciosas crônicas musicais sobre encontros após uma tarde de chopes na rua Augusta. Jeneci é afeito a letras para se viver um grande amor. <br />
<br />
"Dia a Dia, Lado a Lado" foi composta pelos dois - e por Gustavo Ruiz, guitarrista e irmão de Tulipa - há oito anos, nunca foi gravada, embora esteja disponível na rede. A música foi o melhor pretexto para uma dobradinha no dia 8 de junho, sábado, no Cine Joia. Com o repertório costurado por canções como "Felicidade", "Pra Sonhar", " O Melhor da Vida", de Marcelo Jeneci, e "Só sei Dançar com Você", "É" e "Proporcional", de Tulipa Ruiz, os duetos são pontuados pela sintonia, espontaneidade e uma banda extremamente competente.<br />
<br />
Impressionante como a voz dela me encanta, como se fosse a primeira vez que eu a tivesse visto ao vivo, tanto quanto a fluidez dele com a sanfona combinando baião com os solos de guitarra, por exemplo. Já tive o prazer de ouvir Jeneci acompanhando os sinos de uma igreja na hora da "Ave Maria", na Praça de Santa Tereza, quando um concerto que fazia para o Natura Musical precisou dar uma pausa para missa (coisas de Minas Gerais). São artistas múltiplos, poéticos e com muita personalidade.<br />
<br />
Enquanto Tulipa, mais extrovertida, conta sobre sua viagem pela Colômbia e brinca de falar portunhol apresentando os músicos, Jeneci, mais tímido, parece conversar apenas com sorrisos num primeiro momento. Mas à medida que o show avança até um passinho arrisca. A dupla retribui todo o carinho do público, que canta todas as faixas. Tulipa sempre dá um ar de descontração aos gritos de "linda" e "maravilhosa" que surgem da plateia entre uma e outra pausa. No fim do show, Jeneci literalmente "vai para a galera", circula pelo Cine Joia, permitindo que vozes emocionadas e desafinadas dêem o tom do espetáculo. Afinal, esses encontros únicos são feitos dessas muitas vozes: a do outro e a de nós mesmos.<br />
<br />
Na literatura há obras que se tornaram clássicas, como as cartas trocadas entre escritores: Rilke, Clarice Lispector, Fernando Sabino, Pablo Neruda, Vinicius de Moraes, Caio Fernando Abreu e tantos outros relatavam sentimentos alinhavados por amizades que atravessaram distâncias e o tempo. O encontro de Tulipa Ruiz e Marcelo Jeneci na composição e no palco dá um alento similar àquele de se encerrar um capítulo desses livros de cartas com sorriso e um punhado esperança. Celebrar a amizade, as afinidades e as particularidades de uma maneira tão generosa é resistir. Resistir a tempos duros, de indelicadezas e golpes. Fazer parte, de algum modo, daquela cumplicidade dos dois artistas é uma preciosidade.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/InOxrMW04-Y/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/InOxrMW04-Y?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />
<br />
<br />Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-1285738283509585672017-06-25T13:34:00.000-03:002017-06-25T15:26:40.287-03:00ContentamentoO despertador toca 6h45.<br />
Para quem não gosta, para quem não está acostumado e pensa que o mundo seria um lugar melhor se aceitassem que há quem prefira levantar às 9h, só resta pular da cama em direção ao banheiro.<br />
Torneira ligada, água gelada e alguns segundos para coragem de lavar o rosto...<br />
Acorda! (Penso).<br />
Visto qualquer combinação no escuro enquanto Emerson, quentinho, está dormindo aninhado com os gatos.<br />
Se eu tivesse levantado às 6h30 faria o café, mas eu mesma pego uma banana e corro para o metrô.<br />
Terça-feira, vagões lotados, fones de ouvido que ainda permitem ouvir os vendedores de aparelhos eletrônicos.<br />
Os raios de sol invadem a janela. De Santana até a Armênia. Depois vem o túnel.<br />
Chego pontualmente, converso com uma senhora que reclama de dores na coluna.<br />
Juliana sorri ao me dar bom dia. Entrega a ficha para eu assinar.<br />
Entro na cabine, tiro a meia calça para as agulhas serem fincadas de modo certeiro nas pernas e pés.<br />
Passo meia hora tentando meditar, relaxo.<br />
Acordo melhor.<br />
Acordo, enfim.<br />
"Até sexta", o doutor me lembra.<br />
Passo pelos Budas do corredor.<br />
Escolho um bom lugar na padaria e peço uma média caprichada com pão na chapa.<br />
Faz menos frio agora.<br />
Deixo os 10% que não aparecem na notinha.<br />
Vou trabalhar.<br />
Vou pro Yoga depois do trabalho.<br />
<br />
Segue a semana com exposição do Cícero Dias no CCBB antes de um show incrível de Arrigo Barnabé, Claras e Crocodilos, na Casa de Francisca, quarta-feira. Aquele "date" com o marido fora do usual para quebrar a rotina.<br />
<br />
Na quinta-feira tenho um encontro com a inspiradora Monja Coen. O coração se enche de paz e alegria.<br />
<br />
E quando vem sexta-feira, a hora-extra é assistir à peça Nu de Botas, no Sesc Belenzinho. Volto para casa pensando na sorte de trabalhar assim. Há quem sinta a maior adrenalina numa super cobertura da editoria de cidades. Respeito. Meu desejo nunca foi aquele, embora saiba fazer (como quase tudo e em constante aprendizado no jornalismo).<br />
<br />
Sábado.<br />
O despertador não toca.<br />
São 10 horas da manhã. Gatos e Emerson ainda dormem.<br />
Fico mais uns minutos na cama.<br />
Ele acorda e me beija. Vamos juntos preparar o café.<br />
Faço feira, compro frutas, verduras e plantinhas para enfeitar a casa.<br />
Ele pinta nossas janelinhas de azul.<br />
Tomamos vinho, almoçamos, ouvimos música.<br />
Seguimos para o Sesc Pompeia para ver o maravilhoso show do Arnaldo Antunes. Revejo na plateia um amigo que nem imagina o quanto eu o admiro, por sua inteligência e generosidade.<br />
Dançamos e cantamos juntos.<br />
Olho ao redor e todos sorriem.<br />
Saímos de mãos dadas pela noite fria.<br />
No metrô, encosto minha cabeça nos ombros do meu amor.<br />
Cochilo. Sempre cochilo depois de tomar chope e no sacolejar do trem.<br />
Vou dormir leve.<br />
<br />
Hoje é dia de fazer massa e de tantas outras coisas que fazemos juntos.<br />
"A vida nem sempre é fácil, minha filha", já dizia minha avó.<br />
Mas há o contentamento.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibIj2_LHsQy2KW2CcdQY_WUePSok4yAauwJXMVNrUyO6RFnQWDaFHITwbQ4U3Tri8y50gBSiSMzCwT9wb2iFJGFVW1lzCAH1HyvrUarr5kis-U49wqZLQHJ5f5mPdQ-CS6BKEh/s1600/61d4483770bf933debb0b8cffafda189--choose-joy-printable-printable-art.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="725" data-original-width="570" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibIj2_LHsQy2KW2CcdQY_WUePSok4yAauwJXMVNrUyO6RFnQWDaFHITwbQ4U3Tri8y50gBSiSMzCwT9wb2iFJGFVW1lzCAH1HyvrUarr5kis-U49wqZLQHJ5f5mPdQ-CS6BKEh/s320/61d4483770bf933debb0b8cffafda189--choose-joy-printable-printable-art.jpg" width="251" /></a></div>
<br />Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-81301084201978125602017-05-08T23:58:00.002-03:002017-05-09T00:07:52.932-03:00CotidianoPensa nesse lugar que é o melhor lugar para perder-se de alguém.<br />
Para não ter contato por dias, meses, anos sem se dar conta.<br />
Até não reconhecer mais a importância do outro.<br />
Teria sido um dia?<br />
Foram apenas rodadas de cervejas, risos sobre banalidades e uma afinidade passageira?<br />
<br />
O metrô passa lotado, o próximo também.<br />
Não há sinal de celular, nem chance de escutar os próprios pensamentos no intervalo entre as sirenes.<br />
A multidão conduz até o vagão, não há lugares para se segurar.<br />
Ar frio demais ou sufocante demais.<br />
<br />
Aqui não há meio-termo.<br />
Aquela mensagem para tomar um café terá data ou sequer será entregue.<br />
O trem estaciona e aguarda uma desobstrução qualquer da via.<br />
Um dia a viagem leva 15 minutos.<br />
No outro, em mesmo trajeto, uma hora.<br />
<br />
Há o sorriso e a nota de dois reais depositada no chapéu do músico que adentra pela porta.<br />
Há a irritação profunda com o vendedor estridente de fones de ouvido que passa pela mesma.<br />
E o contrário.<br />
<br />
Os dias se alternam entre as manhãs sempre atrasadas de segunda-feira com bilhete de transporte vazio e apenas um terminal de recarga funcionando e inesperada gentileza daquele que se oferece para carregar a bolsa pesada.<br />
Senta, levanta, sacoleja, desiste de ouvir música, abre o livro, checa as mensagens.<br />
Lembra-se dos amigos que moram longe ao ver uma foto, suspira.<br />
Consegue um ingresso para um show disputado, suspira.<br />
<br />
Já não pensa naquele que se perdeu.<br />
O impasse é bem mais simples: baldeação por trem, o fim do trajeto por ônibus, caminhada ou táxi?<br />
E se o trem enguiçar?<br />
E se o motorista de ônibus estiver conversando animadamente com um passageiro e não acelerar?<br />
E se chover no caminho sem marquises?<br />
E se o taxista pegar aquela rua errada que nos obriga a uma volta interminável?<br />
<br />
Está quente.<br />
Vai Chover.<br />
Esfriou...<br />
<br />
Espirra.<br />
Respira.<br />
Amanhã é tudo igual e diferente.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-88591625725501014282017-03-12T14:56:00.001-03:002017-03-12T15:04:08.979-03:00TosaCabelo é como pensamento. Concordo com a letra Arnaldo Antunes. E, definitivamente, eu precisava daquele corte. Houve quem dissesse: "mas o seu já é super curto. Para quê tanta tesoura?" ou que sugerisse "por que não deixa crescer?". Não se trata apenas de estética, embora eu estivesse me sentindo a Marge Simpson...<br />
<div>
<br /></div>
<div>
Marge Simpson, esse é o ponto. Enxergar-se como um desenho, uma caricatura e, no fundo, de maneira não muito generosa. Não havia nada de mais na opinião alheia sobre aqueles cachos armados e amontoados numa franja que não cresce (existem arrependimentos na vida e cortar a franja que estava bem, obrigada foi desses recentes). No entanto, todos os dias eu pensava: tenho que agendar o corte, tenho que conseguir um horário. Consegui inclusive me atrasar e ser atendida. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Na cadeira confortável, debaixo de um agradável ar condicionado que contrastava com o mormaço de São Paulo em março, os pensamentos ainda eram embaralhados. Cortar o cabelo, mudar, ficar com aquele igual diferente. Falávamos sobre amenidades, astrologia e comentei que os meus 40 se aproximavam. No início, comparando com a chegada aos 30, pontuei a falta de pique para um monte de atividades que eu fazia antes, como aula de spinning e balada até o sol raiar. Depois, achei boas tantas outras conquistas de agora.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
A medida que os cachos picotados caíam no chão, o pensamento foi se oxigenando. Como é leve chegar aos 40 praticando conscientemente tantas coisas boas. Ou mesmo tentando. O "bom dia" para desconhecidos em épocas difíceis, as posturas de equilíbrio do yoga, o telefonema para a amiga simplesmente para ouvi-la, os cursos de escrita, de meditação tibetana, a jardinagem e a feitura do pão no fim de semana. Eu não tinha muito tempo para nada disso aos 30. As urgências mudaram. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Olhei para os fios brancos que surgiam após cada tesourada. Eu ainda os escondo com cores que não têm nem nome de tom natural de cabelo, como chocolate ou bordeaux. Haverá o dia de assumi-los. Meu pensamento foi ficando mais calmo e, quando veio o finalizador e aquela mexida das madeiras restantes para os lados, eu já era outra. Mais revigorada, menos dramática porque o sol já estava se pondo, porque no caminho eu encontraria um picolé para deixar a minha língua roxa cor-de-uva enquanto o pouco vento batia no meu pouco cabelo. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-40835315959738328232017-03-02T01:08:00.000-03:002017-03-02T01:08:01.656-03:00QuaresmaDas lembranças da escola estadual, o mural dos corredores com frases cristãs. Surgiam algumas variações ano após ano sobre o "tempo de renovação". Havia também os discos que tocavam no fim do recreio marcando a Campanha da Fraternidade. Além da voz empostada do cantor, uma espécie de Nelson Gonçalves que não deu certo, arranhões no vinil eram frequentes. Eventualmente, perdia-se quase todo o refrão na audição. Eu ria e a professora me reprimiam apenas com o olhar. As orações antes do início das aulas ganhavam sermões adicionais que seguiam por 40 dias. Ao mesmo tempo, sempre tinha um garoto puxando meu cabelo quando o esforço para se concentrar (e não gritar) era a garantia de se livrar do castigo depois da aula. Antes de tudo acabar em chocolate, o feriado era marcado por procissões, ladainhas, véus e tons de roxo. Os tapetes de serragem nas cidades históricas me encantavam e eu adorava o cheiro de madeira no ar. Ficava ansiosa para caminhar sobre eles, mesmo com os desenhos desfeitos.Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-32399691154810556672017-01-22T20:54:00.001-02:002017-01-22T21:32:51.765-02:00Todo sábadoCerta vez perguntei se estariam lá no feriado. Depois, quis saber se durante o mês de janeiro, quando o movimento cai, tirariam umas férias.<br />
<div>
- Não, estamos aqui todo sábado.</div>
<div>
A tempestade também chegou naquele dia e os dois se abrigaram debaixo da frágil lona azul.</div>
<div>
Era preciso separar o buquê colorido do Seu Osvaldo.</div>
<div>
Tinham prometido novas ervas para a horta da Flávia e do Ricardo, que acabaram de se mudar para o bairro.</div>
<div>
Esperavam por Dona Sílvia, a colecionadora violetas e flores de tonalidades roxas e lilases.</div>
<div>
Explicavam sobre a delicadeza das orquídeas para Cláudia.</div>
<div>
Ouviam Dona Margarida falar sobre o filho que mora longe. </div>
<div>
- Na Califórnia tem feiras de rua muito lindas, ele me contou por skype.</div>
<div>
Maria Rita interrompeu o papo para saber por que não encontrava samambaia.</div>
<div>
- Chuva demais, sol demais. Tem que ter equilíbrio, né?</div>
<div>
Rogério havia rondado a banca duas vezes. Não sabia se astromélias agradariam.</div>
<div>
Cristina fotografou as suculentas e postou no Instagram, mas não levou nada.</div>
<div>
- Além da clorofila dos gatinhos, vai levar o quê mais?</div>
<div>
No meu trivial sempre existia lugar para variações: buquê para receber uma amiga, salsinha para usar na salada e até mesmo um vaso de kalanchoe porque reguei a minha mais do que devia. </div>
<div>
Olhava para os dois e aqueles semblantes me davam uma paz imensa.</div>
<div>
Eu era rápida para escolher cebolas, batatas e bananas.</div>
<div>
Quando chegava na esquina à esquerda, onde todo sábado eles estão, a demora era inevitável.</div>
<div>
Flores e plantas devem ser admirados, bem escolhidos. Embora naquela banca não houvesse outra opção. </div>
<div>
Cada vaso, cada arranjo era embrulhado com capricho e laços coloridos. Mesmo os que não fossem para presente, ficavam envoltos em jornais cujas dobras pareciam origamis. </div>
<div>
Escolhi mais uma planta para ocupar o cachepô vazio da minha janela com vista para telhados.</div>
<div>
Ganhei uma rosa, a clorofila de quatro reais pelo preço de três e o sorriso.</div>
<div>
- Até sábado. </div>
<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7xM4omjTq-IjlqDFiDD34S9-QhhTFXFc3iFSpqyzu7kwW-gct2DuSgeLkE45owI4_NC1KOJW83imr2SwT31hOWEOCIflt6U9C2L5dOXihGvH-Tp3TXZqr7EFGLOSFdlVIXhSv/s1600/IMG_1380.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7xM4omjTq-IjlqDFiDD34S9-QhhTFXFc3iFSpqyzu7kwW-gct2DuSgeLkE45owI4_NC1KOJW83imr2SwT31hOWEOCIflt6U9C2L5dOXihGvH-Tp3TXZqr7EFGLOSFdlVIXhSv/s320/IMG_1380.JPG" width="240" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
</div>
Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-27549403182488254332017-01-15T17:06:00.002-02:002017-01-15T22:00:22.809-02:00Meus bons amigosHá dias quero falar de vocês, de como dividir várias garrafas de cerveja ou abraços, para matar saudades que atravessavam meses, me fizeram tão bem. Não liguei para nenhum, não combinei absolutamente nada. Mas os encontros foram acontecendo e, quando me dei conta da passagem do tempo, já era domingo. Eu tinha que voltar. Foi a primeira vez em anos que eu não quis partir. Tudo por causa desses momentos.<br />
<br />
Quinta-feira<br />
Foi aquela supresa no Maletta. E tudo voltou como num filme: os shows que vimos, as risadas, o trabalho coletivo, o sonho daquele mundo melhor pelo qual lutamos.<br />
<br />
Brindes o dia inteiro. Cerveja, café e planos de um ano mais leve, de mais encontros.<br />
<br />
Noite com a conversa que marcou. Sobre verdades, sobre amizade ser olho no olho, sobre mais de 20 anos de convívio (que milagrosamente dispensa ligar, mandar mensagem ou postar em redes. Como se telepatia fosse possível).<br />
<br />
Sexta-feira<br />
Mais flanar pela velhas esquinas com aquele "não vá embora, fique um pouco mais". Drinks, alegrias e dormir tranquila como criança.<br />
<br />
Sábado<br />
"Onde você está? Quero pelo menos te dar um abraço". E breve é a tarde, breve é a vida. Nem precisamos dizer muito, pois teremos mais um punhado de anos juntos, não importa onde um de nós esteja.<br />
<br />
Domingo<br />
De passeio no mercado, de sabores tão familiares, de trilha do Caetano, de vinho e de almoço farto. Hora de partir.<br />
<br />
São Paulo<br />
Atravessei a semana sentando ao lado de desconhecidos no metrô, sem "dolorosas" do bar para compartilhar e com os desencontros habituais - o "vamos combinar sem falta", que também foi dito lá em junho de 2016 (e sobre isso nem insisto para que um encontro sem assunto aconteça) -, além certeza de que não preciso de nenhum esforço para contar com meus bons amigos.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLpdVLtDm_se8nelUguCU13AxQjDM4ALv_7vJj0PcMLW5WfNCHZLOM0PVyn0E9jy9Pq39erJsLeqwsgO_Fg8DDQRRhw9XxNI9NN7kUQqqxTMWqm74yhEUrWoJvYINyFHdmvoyZ/s1600/amigos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLpdVLtDm_se8nelUguCU13AxQjDM4ALv_7vJj0PcMLW5WfNCHZLOM0PVyn0E9jy9Pq39erJsLeqwsgO_Fg8DDQRRhw9XxNI9NN7kUQqqxTMWqm74yhEUrWoJvYINyFHdmvoyZ/s320/amigos.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-43781147809221987492017-01-01T15:50:00.000-02:002017-01-01T15:50:54.698-02:00Nada é certo<style type="text/css">
p.p1 {margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 12.0px 'Helvetica Neue'; color: #454545}
</style>
<br />
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">"Ninguém avança pela vida em linha reta. Muitas vezes, não paramos nas estações indicadas no horário. Por vezes, saímos dos trilhos. Por vezes, perdemo-nos, ou levantamos voo e desaparecemos como pó. As viagens mais incríveis fazem-se às vezes sem se sair do mesmo lugar. No espaço de alguns minutos, certos indivíduos vivem aquilo que um mortal comum levaria toda a sua vida a viver. Alguns gastam um sem número de vidas no decurso da sua estadia cá em baixo. Alguns crescem como cogumelos, enquanto outros ficam inelutavelmente para trás, atolados no caminho. Aquilo que, momento a momento, se passa na vida de um homem é para sempre insondável. É absolutamente impossível que alguém conte a história toda, por muito limitado que seja o fragmento da nossa vida que decidamos tratar"</span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Henry Miller</span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Feliz 2017!</span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYyuv6KHwebXQ2AmBJ6iFRPbDoa8rAh8PCa54bmCd82H3mFWItU0Rq6loI_YaIAE-TniNsPLSr80_3bVtdFHnGIVzfNjZATPXlU1csazPTW9M_xULf6GPT8z0O3i76rrQHTzHs/s1600/vida2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="221" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYyuv6KHwebXQ2AmBJ6iFRPbDoa8rAh8PCa54bmCd82H3mFWItU0Rq6loI_YaIAE-TniNsPLSr80_3bVtdFHnGIVzfNjZATPXlU1csazPTW9M_xULf6GPT8z0O3i76rrQHTzHs/s320/vida2.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-73520076378699935022016-12-28T12:08:00.002-02:002016-12-28T16:57:36.590-02:00AgoraAgora é a pausa.<br />
Desse turbilhão que é 2016.<br />
Na última semana, ganhei dias de folga.<br />
Não tive essa pausa em 2015.<br />
Agradeço essa que tenho agora.<br />
Agora é tomar café da manhã devagar, ouvir Tim Maia no rádio, fazer carinho nos gatos, dar um beijo no marido e fazer planos, no máximo, para uma sessão de cinema ao entardecer.<br />
Agora é vestido solto, chinelo e expectativa de um vento na janela para aliviar o calor do momento.<br />
Agora é revisão, é esperar por dias melhores. Mas, principalmente, aproveitar o momento.<br />
Cravei "Leveza" na pele cinco anos atrás.<br />
Para que seja agora, para que seja sempre.<br />
Para que seja calmaria onde se quer turbulência.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqxjbi-9CvYn1Gl0yHO0MjJ9N-iu-q0SGxuieXfoG68Z_digy2MpwSoqQWqAV4B-u2q4hJ02kNhmiIdIplUXQ4HgdqCUKALXOSzI8Tjp42v3V1CA9h_iZtSayEmxmRlPfG7Iud/s1600/os-14-preceitos-do-budismo-engajado-sobre-budismo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqxjbi-9CvYn1Gl0yHO0MjJ9N-iu-q0SGxuieXfoG68Z_digy2MpwSoqQWqAV4B-u2q4hJ02kNhmiIdIplUXQ4HgdqCUKALXOSzI8Tjp42v3V1CA9h_iZtSayEmxmRlPfG7Iud/s320/os-14-preceitos-do-budismo-engajado-sobre-budismo.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-21402973052826937432016-12-17T14:54:00.000-02:002016-12-17T15:14:45.749-02:00SalpicãoEram duas velhinhas com poucas sacolas na linha azul.<br />
Eu tentava ler, mas acabei prestando atenção no que diziam.<br />
Discutiam (contrariadas) sobre a possibilidade de excluir o salpicão da ceia.<br />
- Antigamente, todo mundo comia e repetia.<br />
- Pois é. Mas e se a gente tirar as passas?<br />
- As passas são a graça do salpicão, Maria! E, ainda por cima, tem a Rosângela que agora não come um monte de coisa.<br />
- Ah é, dieta, né?<br />
Estavam pensativas.<br />
Eu também fiquei.<br />
Antigamente, todo mundo comia e repetia mesmo.<br />
Não tinha essa de chamar comida de "proteína", "carboidrato" ou "lactose".<br />
Elas, por certo, nomeiam os ingredientes como frango, batata e maionese.<br />
Sobre as passas, não sei explicar porque se tornaram tão odiadas nos últimos tempos.<br />
E não custava nada separarem no cantinho do prato para agradar aquelas velhinhas.<br />
Cheguei ao meu destino.<br />
Sorri paras as duas e desci com a vontade de me convidar para jantar.Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-83583088456227307042016-12-14T07:45:00.002-02:002016-12-14T07:45:34.649-02:00O buracoForam lançados ali alguns sentimentos e esperanças.<br />
Nem tudo era nobre e havia também alguma pequenez.<br />
No buraco estavam o que não mais servia, o que devia se esconder e o próprio caos.<br />
Se fosse uma escavação, estaria fácil jogar terra por cima.<br />
E esquecer.<br />
Mas esquecer é o que deve ser feito, mesmo quando sentimentos e esperanças são lançados no buraco.<br />
Esquecer é uma maneira simbólica de fechar<br />
Um ano<br />
Um ciclo<br />
Uma vida<br />
Eu sei a profundidade do meu buraco.<br />
Só eu sei.<br />
<br />Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-50723858724944266132016-10-21T17:05:00.002-02:002016-10-21T17:15:48.851-02:00A vida vai na velocidade do tremA vida vai na velocidade do trem.<br />
Existem as temporadas de mal dormir, de sair de casa sem tomar um café.<br />
Vagão lotado que sequer permite, fora as derrubadas do 4G, a leitura de notícias no feed do Twitter.<br />
Repara na moça que se maquia com destreza e decide se passará um batom.<br />
Quase perde a estação de destino.<br />
<br />
Existem as temporadas do despertador desligado, do dia inteiro de camisola<br />
O eterno F5 na caixa de e-mail para ver se respondem o currículo enviado no dia anterior.<br />
Vai ver uma exposição no centro, e não se dá conta de que escolheu a hora do pico para voltar.<br />
Embora essa hora seja subjetiva, os trens emperraram e operam com lentidão.<br />
Lá fora faz 35 graus e aqui dentro não está diferente.<br />
Quase desce uma estação antes para achar o vento caminhando.<br />
<br />
A velocidade do trem está entre o que se arrasta e voa.<br />
A vida vai entre empurrões, entre garotos com a cara prateada pedindo um trocado.<br />
A vida vai entre a moça que se oferece para segurar a bolsa pesada e o músico que se disse satisfeito apenas com os (poucos) aplausos no vagão.<br />
Esqueço a proximidade de algumas estações quando passo o bilhete na catraca por instantes.<br />
Lembro-me de todos os acessos às linhas de outras cores para ajudar o turista que parece perdido.<br />
<br />
Por que te vas?<br />
Hoje resolvi ouvir playlists em espanhol.<br />
Fiquei com vontade de comer uma medialuna caprichada.<br />
Quis ir ao show do Soda Stereo, que não existe mais.<br />
A vida vai na velocidade do trem.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/OX-us7PEfkc/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/OX-us7PEfkc?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />
<br />
<br />Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-17193207845193464542016-08-16T22:54:00.001-03:002016-08-16T23:05:30.386-03:00FarmáciaTento me lembrar dos itens que faltam. Não sei se a cartela da pílula está no fim, se há o remédio para sinusite em casa. Pego apenas a solução para lentes de contato. Deveria aproveitar o colírio, embora tenha aflição de usá-lo. Misturo colírio e delírio na fila do caixa. O cara engravatado na minha frente desabotoa a camisa impecavelmente passada. "Estou um molambo", penso. Ele borrifa o desodorante ali, no meio das pessoas, no começo do dia. Paga em dinheiro, não quer o CPF na nota. Possivelmente não tomou café. Ele tem cara de café de cápsulas. Ouço um "próximo, por favor" cheio de tédio. Dou bom dia sem resposta, CPF na nota e recuso a promoção de levar duas vitaminas. Só me lembro da caixa cheia, de a a zinco, que era para ser aberta diariamente. Dispenso a sacola, jogo a embalagem na bolsa e saio de lá com olhos espremidos. Esqueci os óculos escuros. No dia anterior foi o bloquinho. Penso no quanto me identifico e me distancio do homem que usou o desodorante sem o menor constrangimento. Há meses não saio de casa com uma camisa bem passada.Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6523390.post-15454959675424966822016-07-14T15:37:00.001-03:002016-07-14T15:37:17.762-03:00Um mêsAinda procurando o porta-copos de gatos que a amiga trouxe para mim da Paris que não conheço.<div>
Ainda tentando me encontrar.</div>
<div>
Ainda buscando aulas de yoga, emprego e paciência com as pequenas coisas.</div>
<div>
Meio arrumada, meio acampada e bastante cansada.</div>
<div>
Sumi daqui por achar que caixas de mudança não são assim um repertório tão rico quanto uma viagem de férias.</div>
<div>
Ou seriam?</div>
<div>
Achei minha boneca Juanita, que tenho desde criança. Abri livros autografados e páginas abandonadas sinalizadas por marcadores. Um último grifo, sempre feito a lápis.</div>
<div>
Sou muito diferente e muito igual àquela que um dia se mudou para cá.</div>
<div>
Um mês, dois resfriados. Um inverno e um certo verão dentro do inverno. </div>
<div>
Amigos que revi. Amigos que sei que nosso tempo foi outro: por mais que tentemos, nada será como antes.</div>
<div>
Já é quinta-feira.</div>
<div>
Já estamos no meio de julho.</div>
<div>
Preciso pintar a parede amarela, ver Picasso, comprar o ingresso para o show do Ney Matogrosso, requisitar as milhas não atribuídas na última viagem.</div>
<div>
Especialmente, pensar em novos rumos. </div>
<div>
Estou onde devia estar.</div>
<div>
Entre o caos, a poeira, a sirene estridente lá fora, o sono profundo dos meus gatos, as caixas e os meus poucos sonhos. </div>
<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYOhUrUEIVieAa0EjMJPPvYkbClv507pVrATCD4YVZwVGT1jPSXNccH5d-dxAXRNY1uuAr96ydRrxZu30YoVI1dO0kklKyycPNvyK36YLZPuSlhPo8MZKM3E4NRYQp5JQ-KMDl/s1600/IMG_9211.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYOhUrUEIVieAa0EjMJPPvYkbClv507pVrATCD4YVZwVGT1jPSXNccH5d-dxAXRNY1uuAr96ydRrxZu30YoVI1dO0kklKyycPNvyK36YLZPuSlhPo8MZKM3E4NRYQp5JQ-KMDl/s400/IMG_9211.JPG" width="400" /></a></div>
<div>
<br /></div>
Ludjhttp://www.blogger.com/profile/11737285056261489279noreply@blogger.com0